Meu Avô paterno, Atílio Mondadori, descendente de italianos vindos da região de San Benedetto Po que aqui se estabeleceram no século XIX, homem de grande tino para os negócios e com toque de Midas, fez fortuna com o estabelecimento comercial que possuía, as cinco fazendas onde se plantava trigo, arroz, laranjas, e o gado povoava as terras a perder de vista.
Tudo corria muito bem, até que sobreveio a quebra da Bolsa de Valores de New York em 1929.
Meu Avô dormiu rico e acordou pobre.
Todas as suas economias e as reservas que possuía no banco não valiam mais nada.
Segundo contava meu Pai, foi um dia de extrema aflição para todos, pois meu Avô encerrou-se em seu escritório e de lá não saiu até o cair da noite.
Não permitia que ninguém entrasse, nem sequer para lhe alcançar um prato de comida.
Estava ali encerrado, pensando.
Quando saiu, minha Avó Mathilde, meu pai e meus tios aguardavam, nervosos, o que diria o chefe da família, a quem todos obedeciam e seguiam sem pestanejar.
Com a serenidade que lhe era habitual, meu Avô sentou-se à mesa e, com uma única frase, decidiu os rumos da Família Mondadori dali para a frente:
" Nós seremos como um feixe de varas. Unidos, sairemos ilesos e ainda mais fortes desta situação. Se nos deixarmos levar pelo desespero e pelas discussões vãs, nos terminaremos."
Essa lição me foi passada pelo meu amado Pai, o Dr. Edgard, meu exemplo de homem de caráter, de homem digno e de bom coração, para quem, acima do dinheiro, importava a união familiar.
Meu Pai honrava lo que tenia bajo los pantalones.
Aprendi com ele que nem tudo na vida é medido pelo dinheiro, pois há coisas infinitamente maiores que esse senhor.
Meu Avô materno, Antônio, partilhava da mesma opinião.
A boa fortuna, - e tomara o fosse, não é condição permanente, perene, imutável.
Por isso, em tempos de crise, lembro dos ensinamentos de meus antepassados e das lições de vida que me deixaram, e a maior delas foi, é, e sempre será, o amor.
O afeto.
A união, tão bem representada pelo feixe de varas.
O abraço que acolhe, afaga e acalma.
O gesto que ampara.
Para isso estamos, afinal.
E que jamais se aplique a nós aquele triste ditado: " era uma pessoa tão rica que, de tão rica, chegava a ser pobre"!
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