segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

 Enquanto somos úteis, tudo transcorre relativamente bem. Por que o dinheiro manda, todos obedecem e, sob uma pseudo camada de amor, as coisas fluem. Mesmo que de forma capenga, a vida segue seu curso. Entretanto, por erros no emprego do vil metal, podemos ficar  sem lenço e sem documento. E aqueles que dependiam de você, e que o deixaram pelado de cola e crina, independizaram-se. Via de consequência, você não faz mais parte da lista. Do grupo. Da patota. Torna-se perfeitamente dispensável, a tal ponto, que até a empregada doméstica se arroga o direito de dizer a você o que deve ser feito. Infelizmente, na sociedade hipócrita em que vivemos, o dinheiro fala alto. Usa salto e olha de cima abaixo a pessoa que não está dentro dos padrões.Pouco importa se essa pessoa é a tua mãe, irmã, mulher, amiga...não tem dinheiro, zero valor. Sobram os farelinhos, os restolhos, os presentes que ninguém quer receber por que sabe que eles vem para encobrir um programa de índio que será o "pagamento" por aquela gentil lembrança.Ninguem gosta de se sentir usado. Tratado como se fosse um pano velho, com tanta ingratidão, indiferença, descaso, pouco caso, falta de respeito. Desamor. Só presta por que tem uma bela conta bancária. Do contrário, fica relegada a, bom, a plano algum. Perfeitamente dispensável. Você trouxe a pessoa até aqui. Ela obteve sucesso profissional. Você abdicou de muitas coisas que eram importantes para formar um ser humano de valor. Ajudou no que pode e até no que não podia. Fato é que ela chegou lá. E aí, ela te esnoba. Te trata mal. Com indiferença, e até com brutalidade. Com sarcasmo. Debocha dos teus sonhos. Finge que concorda com você, mas nem solta o celular e, no seu olhar, há um letreiro que diz " não preciso de você, tchau.". Nós criamos ilusões em relação às pessoas, até que um dia a realidade se apresenta, nua e crua: você não é mais necessária. Você é perfeitamente dispensável. Você "já era". Em um primeiro momento, dói. Depois, vem aquela sensação ruim de ter sido trouxa. Por fim, vem a libertação. Pois se soltaram as amarras do seu navio, tanto melhor. Ele poderá navegar livremente,  e descobrir novos mares. Se algum dia precisarem novamente de você, o seu navio estará em outra rota e não terá tempo, muito menos vontade, de juntar suas amarras outra vez. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário