Sempre sinto saudade do meu Pai, sempre. Não há um dia sequer que eu não lembre dele.
Meu Pai, meu amigo, meu colega, meu companheiro de tantas manhãs e tardes de conversas e risadas, de viagens lindas, das idas para a estância do meu avô Atílio, dos banhos de mar, meu porto seguríssimo!
Hoje, mais do que nunca, senti a falta de suas mãos protetoras, de sua voz de trovão e daquele abraço apertado que ele costumava me dar cada vez que nos víamos.
Invariavelmente, abria um sorrisão e exclamava: " que tal, China querida?"
E me abraçava, me abraçava muito.
Hoje, por duas vezes, em diferentes circunstâncias que não vem ao caso, pensei nele, senti falta dele, até me pareceu, num dado momento, tê-lo visto, parado, olhando para mim. Seu sorriso era triste, como tristes eram as questões que me tocaram resolver e que, pela graça de Deus, resolvi.
Mas depois, a sensação foi a de ter escalado uma montanha rochosa, uma subida íngreme que consumiu minha energia, meu sono, meu sossego.
Consegui chegar até o topo, e cheguei carregando uma bagagem de verdades que fui recolhendo ao longo do caminho, e nenhuma delas foi agradável.
Um duro aprendizado sobre as transformações do ser humano, a mudança de valores...
Hoje, Pai, eu queria demais poder ter o teu abraço, afinal, " cariño como ese, jamas existió".
De uma forma ou de outra, te senti presente, e foi justamente essa presença silenciosa e invisível, mas constante, que me deu a força necessária para continuar a subida.
Desculpem, amigos, este texto triste.
Muitas vezes, vertemos no papel as lágrimas que tentamos, valentemente, segurar, como se a página em branco fosse o abraço que tanto queremos e precisamos.
Por sorte, o amor que recebemos fica gravado, não se perde, perdura.
Sei, Pai, que se estivesses lendo este texto, dirias " mas o que é isso, China querida? O Papai não gosta de ter ver assim, com lágrimas".
E, com isso, me farias sorrir.
Obrigada, Pai, pelo amor que me deste: ele continua, intacto, no meu coração.
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