terça-feira, 10 de novembro de 2015

A Sapatilhazinha

Então, eis que a  a criatura não pensa no óbvio: que, ao ladear o corpicho de muitos quilos a mais, fatalmente, cairá!
Um tombo estúpido, aquela queda inocente que, num primeiro momento nos faz rir para, logo após, chorar.
Chorar de dor.
Há exatos 21 dias, caí da cadeira da cozinha.
Brincando com o gato fui, sem perceber, ladeando o corpo para um lado até que a cadeira foi para outro.
Pá!!!
Caí sentada, com toda esta almofada que carrego há dez mil anos, senti que bati forte, ouvi o barulho e pensei, te ralaste, amiga, que a pancada foi grande.
Mas, como sou uma pessoa teimosa e ignorante e acho que me curo sozinha, fui procurar o médico somente quinze dias depois, já pedindo água.
Resultado:
precisei fazer um raio x, que ainda não está pronto e, provavelmente, terei que fazer uma ressonância magnética.
Esse, o preço da glória.
Haja paciência para suportar a dor mas, acima dela, estar sem poder fazer tudo o que gosto: andar, pular, arrastar meus potes de plantas, ir ao Pilates, voltar à mil e dar uma corridinha, não está sendo nada fácil este repouso forçado.
Ponho-me a pensar nas pessoas que precisam ficar meses a fio fazendo tratamento.
Elas são um monumento à coragem e à força de vontade.
Também conclui o que todos sabemos mas que, na prática, adquire outra conotação: saúde é tudo.
Sem ela, não fazemos nada.
É, tenho pensado muito.
Penso, inclusive, nas coisas que são, para mim, urgentes: amor, carinho, afeto, amizade, companheirismo.
Considero-me afortunada, pois meu maridão faz o que pode para me agradar e levantar o astral, um tanto quanto baixo, pois não se pode pretender que uma geminiana fique lá muito alegre, olhando a caravana passar.
Soma,  para meu quase ataque histérico - eufemisticamente falando, claro, sou extremamente calma...o fato de estar longe das minhas filhas: meus três amores no Portinho e eu aqui e, numa hora destas, eu quero e preciso de um colinho de filha.
Entretanto, como não tem tu, vai tu mesmo, então, dou uma de Poliana e procuro contentar-me com o que tenho à mão, e que também não é pouco: um ótimo livro, um filme, a parceria dos amigos e, claro, meu indefectível matecito.
O pior de tudo, entretanto, é que fui obrigada a comprar um sapato sem salto: uma sapatilha.
Mas é a treva!!!
Que coisa feia e sem graça inventaram, esse tipo de calçado só fica bem para quem tem 1,70m e 60 quilos, e está na faixa dos quinze aos trinta e cinco anos.
Depois, fica estranho, e por favor, não me apedrejem, estou impossibilitada de reagir.
É brincadeira, amigos!
Ocorre que eu não tinha, até a semana passada, um único sapato que não tivesse salto e agora, obrigada a usar a sapatilhazinha infame, desejo, ardentemente, poder voltar aos meus gloriosos saltos.
Quando chegar esse dia maravilhoso que, espero, seja em breve, levarei a sapatilha para lugar incerto e não sabido e que, Deus me ajude, não precise mais dela.
Porque machucada, ainda passa.
Mas ter de usar sapatilha...aí já é castigo!