segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Preço da Liberdade

Paga-se um preço alto por ser livre.
Livre para agir de acordo com nossos valores e princípios, aqueles que aprendemos lá, em algum lugar do passado mas que estão sempre presentes em nossas vidas, como um eterno lembrete para que não esqueçamos quem somos, de onde viemos e em que acreditamos.
Muitas vezes, as circunstâncias da vida praticamente nos obrigam a tolerar certos locais, pessoas e fatos, e assim vamos vendo o tempo a esvair-se, qual fina areia por entre nossos dedos, e a gente ali, ouvindo, aturando, um dia sim e outro também, aquele desenrolar de cenas desagradáveis.
Entretanto, como tudo na vida tem limite, chega o dia em que, pluft, todo explota.
E aí, olhamos para o céu de um azul ímpar, para o qual nem costumávamos prestar a devida atenção em razão da pressa, e concluímos que tudo pode mudar e ser diferente.
Que não há razão alguma - embora o sem número de razões que ficamos elencando no decorrer dos anos tenha servido de pretexto para adiar decisões há muito acalentadas,  para continuarmos com aquilo que nos faz mal.
A sensação de ver-se livre do verdadeiro fardo que é tolerar situações que vão de encontro a tudo que somos e no que acreditamos é tão mais forte e benfazeja que nada mais importa.
E, sim, o preço da liberdade é alto.
Mas infinitamente maior é o preço que pagamos quando somos subservientes, e omissos em relação a nós mesmos e aos nossos desejos correndo, inclusive,  o risco de, em algum ponto do caminho, não nos reconhecermos mais.
Para ser livre é preciso ter coragem.
E essa, graças a Deus, nunca me faltou!




sábado, 11 de abril de 2015

O Poder da Música

Enleva, eleva, alegra.
Faz a gente chorar, pra logo sorrir.
A música é assim, sublime expressão
do que nos vai
no coração.
Se pararmos uns poucos minutos, conseguiremos ouvir a música de todas as coisas.
O silêncio é música, pois traz, em seus braços, todos os sons que nos rodeiam.
Agora, não há nada melhor que poder escutar aquele som que, naquele dia e hora, a gente está muito a fim de ouvir.
E eu, que vou de tangos e boleros ao samba e por aí escuto um pouco de música erudita pra depois curtir os embalos de sábado à noite e, logo ali, atacar de Simply Red, não consigo imaginar a minha vida sem aquele sonzinho básico.
Por isso, a par de livros, os discos também me acompanham e, do mesmo modo que me perco numa livraria, perambulo sem pressa em meio aos CDs, atrás daquela música especial.
E, por especial entendo aquela que é adequada ao meu momento.
Entretanto, uma coisa que costumo cuidar muito é o ouvido dos outros, isto é, tento não impor a ninguém meu eclético gosto musical.
Agora, bom, mas bom mesmo, é aquele som que me faz balançar, dançar e sacudir até o dia amanhecer: samba, é claro!
Tenho a suprema felicidade de ter uma família que também gosta de samba,  então, sendo assim, só me resta dizer que na minha casa todo mundo é bamba,  todo mundo bebe, todo mundo samba, e ninguém se cansa, pois minha casa é casa de bamba!
ADORO!!!
Minha mais nova aquisição é um CD da Mart'Náilia, simplesmente o máximo!
Com ele vou até meu trabalho, escutando aquela batida maravilhosa, e esse fato que me levou a uma curiosa situação: saí do carro cantarolando " ...um abraço negro, um beijo negro, traz, felicidade...", quando avistei um cidadão com quem mantive estreitas relações de amizade ( considerando que ex parente não existe) e, ao passar por ele, cumprimentei-o alegremente, esqueci por completo que não nos cumprimentamos há uma década e ele, obviamente, não só não me respondeu como lançou-me um olhar carregado de raiva.
Que pena.
Pois eu, graças a Deus, como não ligo a mínima para pessoas amargas e ressentidas, continuei meu caminho, a legítima que ia caminhando e cantando e seguindo a canção.
Como hoje é sábado, já estou aquecendo os tamborins e daqui a pouco vou sair, rumo a uma festa na qual vai rolar de tudo um pouco, até o sol raiar.
Que espetáculo, maravilha total, a música e seu poder transformador!




quarta-feira, 1 de abril de 2015

Rata de Praia

De onde virá esta minha fixação pelo mar?
Simples:  tinha apenas cinco anos quando, pelas mãos de meu Pai,  vi o mar pela primeira vez.
Foi em Piriápolis, no Uruguai. Uma praia com um mar sem ondas, como se fosse uma grande piscina, de cor esverdeada e temperatura cálida, areia fofa e muito quente e uma costanera fantástica.
Estávamos a uns 40 km de Punta del Este, então, em um dia qualquer, rumávamos para lá.
Destino, Playa Mansa e, depois, La Brava.
Foram dias simplesmente fantásticos, aqueles.
Saíamos de Itaqui no carro do meu Pai, um Opala branco com capota preta, zerinho, presente de Natal para minha mãe, que ia com ele no banco da frente e, atrás, meu irmão Caito e eu.
Comíamos sem parar durante todo o trajeto, pernoitávamos já no Uruguai e, no dia seguinte, bem cedinho já estávamos novamente na estrada.
A gente chegava em Piriápolis por volta de 10, 11 da manhã e era só o tempo de abrir a mala, colocar o biquíni e sair, hotel afora, rumo ao mar.
Foram anos e anos fazendo isso, praticamente toda minha infância.
Lá estavam também minhas tias maternas, Maria Luíza e Alba Mercedes, minhas primas argentinas e alguns amigos de meus pais.
Fato é que, à mesa do restaurante escolhido para o almoço ou para o jantar reuniam-se 15, 20 pessoas.
Uma festa!
O veraneio durava, em média,  trinta dias.
Trinta dias de pura beleza, alegria, sem relógio, sem nada, onde o único compromisso era o de gozar a vida e desfrutar as belezas e delícias do mar.
Então, quer me ver muito triste e aborrecida é eu não poder ir à praia durante o verão, aliás, férias, para mim, é sinônimo de praia no mês de janeiro.
É, tem mais essa, tem que ser junto ao mar, tem que ser no mês de janeiro.
Este ano, lá em Pernambuco, voltei a sentir a mesma alegria dos veraneios dos tempos de criança.
Naquele lugar fantástico não havia a menor possibilidade de se pensar, nem remotamente, em algo ruim ou triste.
Águas cristalinas, mornas, areia fininha, brisa suave, sol forte, céu escandalosamente azul...será que precisa mais alguma coisa?
Para mim, não.
Naqueles dias, egoisticamente falando, não senti falta de nada e nem de ninguém, pois a magia do lugar era tão arrebatadora que supria tudo.
O inverno nem começou e já estou suspirando pela praia.
Que venga janeiro de 2016!!!

O Retrato do Brasil

Têm criticado acidamente a novela das nove da TV Globo,  alegando que a mesma está, dentre outras coisas, destruindo os valores da família brasileira, tudo porque mostra duas mulheres idosas beijando-se na boca, um jovem de classe média alta agenciando garotas para velhotes tarados, e vigarices cometidas por profissionais e donos de empresa sem escrúpulo algum.
O que eu não entendo, realmente, é o motivo da surpresa das pessoas, do assombro fingido, da falsa e hipócrita moral e da pseudo defesa dos bons costumes.
Pois não foi esta mesma sociedade a que, há pouquíssimo tempo elevou a audiência dessa mesmíssima emissora e parou tudo para ver o famoso beijo gay do Félix, a biba que saiu do armário?
Não foi esta sociedade, agora tão ofendida com os selinhos entre duas mulheres, que vibrou com a loucura e a maldade do personagem Carminha, de Avenida Brasil?
É que novela é assim, quando cai no gosto do público, podem aparecer pelados que ninguém acha ruim, ao contrário, aplaudem, postam nas redes sociais e ficam horas tecendo comentários sobre esta ou aquela cena.
Veja-se, por exemplo, a minissérie Felizes Para Sempre?, que foi ao ar em janeiro deste ano.
Uma putaria total, ampla e irrestrita que começava com o pai da família, passava pela mãe e se estendia aos filhos do casal, suas noras e seu neto, este último viciado em drogas.
Formação de quadrilha, corrupção, homicídio, tinha de tudo na minissérie.
Mas foi um sucesso retumbante e todos pararam para olhar pra bunda da Paolla Oliveira que, depois da cena, foi declarada a nona maravilha do mundo!
Eu não entendo de que, afinal, o povo se queixa.
Esta novela nada mais é do que o reflexo da sociedade em que vivemos: permissiva, hipócrita, com pessoas que acham que podem fazer absolutamente tudo, e transgridem à vontade.
Pois se assistimos, todo santo dia nos telejornais que depredaram o patrimônio público.
E daí?
Dilapidaram e continuam  roubando bilhões.
E daí?
Num cansativo repeteco, os envolvidos falam, como que recitando uma espécie de mantra: eu não sabia, eu nunca vi, eu não sei de nada, desconheço esses fatos...
Tem filho agredindo pai e mãe, tem aluno agredindo professor, e fica tudo por isso mesmo.
Não há respeito, não há limites.
Palavra em desuso, essa: limite.
Fazem as leis, mas não é preciso cumprir a lei, essa é a mensagem que fica.
Para tudo, dá-se um jeito.
Há tanta liberdade que o caldo entornou e a coisa toda virou uma grande esculhambação, onde imperam o clima de caos, a falta de valores e o salve-se quem puder.
Quanto mais grito e agito, melhor.
Então, não se espantem com uma reles novelinha da Globo que mostra, cruamente, como é que a banda toca.
Aliás, quem não é assim já anda sendo taxado de otário, ridículo e antiquado, digno até de lástima.
Sim, tudo está mudado,  e está mudando o tempo todo.
Entretanto, um pouco de ordem e de enquadramento não faria mal a ninguém.
Como talvez isso demore um bom tempo ou, quiçá, nunca aconteça, aos que não querem ver cenas tão chocantes, sugiro o seguinte: desliga a TV e observa o entorno.
Porque ainda há vida lá fora...