segunda-feira, 23 de março de 2015

A Coxinha da Fronteira

Em tempos de coxinhas e outros epítetos,  usados pelos que apoiam incondicionalmente o grupo de sem vergonhas que governa o Brasil para designar os bens nascidos - como se isso fosse crime, e todo o resto, não, tenho observado algumas curiosidades.
Tenho uma amiga que é PT.
Fanática.
Tudo que o PT fez e faz é extraordinariamente bom e encontra-se mais que justificado, aliás, ela sequer menciona a ladroagem sem fim na Petrobras a qual, sabemos todos, é apenas o início do fio da bomba que explodirá o Brasil e, nessa onda sísmica iremos todos, os coxinhas e os Pts da vida.
Eu fico só olhando.
Urubuservando.
Procuro não ler o que ela escreve, menos ainda, as idiotices que posta no Facebook, mas dia desses, não me contive.
Pois é, vocês sabem que eu tenho aquele ladinho Edegariano que fica adormecido até o dia que decide sair e bradar.
Tudo começou com uma, aparentemente inocente, postagem sua.
Uma foto de um prato repleto de finas iguarias, frutas exóticas, muito bem postas sobre uma bela travessa de porcelana, a qual repousava sobre toalha de linho.
Abaixo, o comentário sobre aquele saboroso lanche.
Aquilo me deu raiva.
Ué, coisa fina não é exclusividade de coxinha?
Confesso que fiquei tentadíssima a postar um comentário pra lá de irônico, mas me contive, pois não costumo gastar pólvora com chimango e com gente desse naipe, melhor mesmo é não falar nada, pois eu seria muito capaz, dependendo da resposta, de sair da Internet e começar uma discussão ao vivo e a cores, e sei bem onde iríamos parar: na DP.
Bonito papel!
Fui na manifestação em Porto Alegre dia 15 de março.
Uma maravilha.
Cem mil coxinhas juntos gritando e gesticulando não é pra qualquer um, e isso, a toda certeza, irritou profundamente os defensores do status quo, tanto é assim que não faltaram, de lá até esta data, crônicas, mensagens, postagens e outras tantas bobagens, escritas por aqueles que só enxergam o lado vermelho das coisas.
Teve até uma colunista que escreveu que os coxinhas éramos um bando de ignorantes, nada sabendo sobre a realidade política do país.
Pra ver o tamanho do desatino da cachorrada!
Porque, convenhamos, ter a coragem de defender esse governo que aí está alegando, entre outras, a defesa da jovem democracia brasileira, faça-me o favor!
De igual modo, enoja-me a alegação de que os coxinhas são ricos e eles, os que apoiam os saqueadores da República, são os defensores dos pobres que, por sua vez, serão arrasados pelos coxinhas.
É o cúmulo da falta de argumento!
Aí lembrei da minha amiga PT fanática, com seu belo prato de iguarias finas, sentada na sua sala de 100 metros quadrados do seu ap. na Bela Vista, um dos bairros mais caros de Porto Alegre, me taxando de coxinha e defendendo os pobres e oprimidos, tão bem atendidos pelo seu idolatrado governo alcaide do PT, e ignorados e maltratados por nós, os coxinhas.
Também lembrei que dou emprego para três pessoas, que trabalho desde que tinha 19 anos, e que o que possuo é fruto do meu trabalho e do que herdei de minha família coxinha a qual, por seu turno, também empregava pessoas,  no campo e na cidade.
Em suma, avaliando friamente, quem é a coxinha?
Já que é assim, deveria ela doar, integralmente, seu apartamento nababesco às desafortunadas vítimas dos coxinhas,  e andar escabelada e mal vestida, a fim de parecer politicamentiii corrrééééta.
Deveria parar de frequentar o melhor cabeleireiro de Porto Alegre, afinal, isso é coisa de coxinha e não condiz com sua posição de defensora dos oprimidos e de crítica contumaz dos que detém melhor condição financeira.
Récula de gente hipócrita!
A coisa está de tal monta que, ao menor sinal de descontentamento, o sujeito é rotulado: aquela ali é coxinha.
Pois é, se é assim que é, é assim que vai ser: sempre digo e repito, alto e bom som, que nunca antes na história da minha vida votei nessa naja do PT.
Nunca acreditei nesse canto da sereia do PT.
Não gosto de quem acena com chapéu alheio.
Não gosto do PT e vou gritar, enquanto tiver voz, contra esse partido que pensa que é dono do Brasil,  e contra seus sequazes.
Por fim, para  não dar chance ao azar, deletei a minha amiga PT poliiiticamentiiii corréééta.
Ela não curte coxinha, eu não curto gente alcaide.
Melhor assim...













sábado, 21 de março de 2015

A Solitária do Domingo

Venho de uma família grande, tanto pelo lado materno quanto paterno.
Os Mondadori, juntos, somavam mais de trinta pessoas.
Os Fernández, em igual número.
Mesmo quando meus avós já não estavam mais aqui, meus Pais mantinham o hábito de juntar toda a família para almoçar aos domingos, um almoço tão espichado que terminava de noite quando, então, todos voltávamos para nossas casas.
Nossas casas que pareciam sem graça, comparadas à casa paterna, onde tudo era iluminado.
Sim, o amor acende luzes, mesmo no meio de um dia de sol radiante.
Meus Pais também foram embora, e eu fiquei, juro a vocês, meus queridos amigos que têm uma paciência de Jó ao ler o que escrevo, eu fiquei conhecendo o que é solidão.
Não há coisa mais triste, para mim, que um almoço de domingo sem pessoas em volta da mesa.
Eu queria, e ainda quero, descobrir uma fórmula mágica que me faça transpor, apenas e tão somente, aquele par de horas que vai do meio dia às 14, tempo em que ficávamos todos juntos, invariavelmente na enorme cozinha, observando minha Mãe a enrolar nhoques e, após passar levemente o garfo, para que ficassem com aquele enroladinho na massa.
Eu sonho com o dia em que terei, novamente, a casa cheia de filhos, meus genros amados e muitos, muitos netos a correr e a gritar pelo pátio, para depois nos sentarmos à mesa e dividirmos um grande prato de talharim acompanhado de uma carne com molho - o prato tradicional dos domingos na casa de meus Pais.
Poderemos mudar o cardápio, sem problemas, afinal, o que realmente importa são as pessoas, todas juntas, dividindo afetos, risos, palavras, conversas fiadas e apenas deixando o domingo passar, lentamente.
Não teremos pressa alguma, ao contrário, estaremos pensando " tomara este dia custe a passar, de tão bom que está".
É o amor que faz tudo isso, só o amor.
Por enquanto, me encontro na fase do sonho, aguardando, ardentemente, o dia em que ele se tornará realidade.
Até lá, continuarei a ser a solitária do domingo.


terça-feira, 10 de março de 2015

Perdas

Quando sento diante desta tela vazia, pronta para escrever o que me vai no coração e me inquieta a alma, suspiro de alívio.
Escrever, para mim, é remédio, é um ato libertador de tensões que vão se acumulando e somente uma folha em branco tem o condão de tirar pra fora.
Dias negros, os desta semana.
Aliás, este ano de 2015 me dá a impressão de já ter transcorrido, tal o volume de fatos acontecidos, todos de grande potencial emocional, uns mais, outros menos, mas todos, sem exceção, envolvendo pessoas do meu afeto.
Primeiro, foi a cedência do meu Colega/amigo/irmão/camarada, o Dr. Roger, para a Câmara de Vereadores.
Eu fiz de tudo para disfarçar a tristeza que senti quando, ao retornar das férias, me deparei com sua mesa vazia.
Não foi legal.
Mas eu administrei aquela perda como pude, afinal, ele está do outro lado da rua, basta um par de passos para que possamos dividir um café ou os mais variados assuntos.
Isso foi na segunda quinzena de janeiro.
Em fevereiro, minha colega e amiga Tarciani foi de muda para Santa Catarina.
Novamente, fiz de tudo para disfarçar a tristeza de ver a minha amiga querida indo embora para outro estado, tão longe daquele convívio diário, das nossas conversas e risadas, dos almoços...
Ela foi embora mas falo com ela, sempre que possível,  pelo whatsapp, ou pelo Facebook, e sei que no feriado de Páscoa ela estará aqui no Itaqui.
Dia 06 de março, a filha de grandes amigos foi embora.
Tinha 35 anos e era uma pessoa linda por dentro e por fora.
Com ela, não poderei mais falar.
Apenas sua imagem fulgurante ficará na minha retina.
Administrar as perdas é um exercício difícil, exige tanto de nós...
Hoje senti um cansaço muito grande, e uma irritação ainda maior, mas não devemos nos irritar com os desígnios de Deus, que são insondáveis.
Este ano de 2015 já poderia ter terminado!




segunda-feira, 2 de março de 2015

O 1º Dia Do Ano

Brasileiramente falando, hoje é o primeiro dia útil do ano de 2015.
Acabaram-se as férias, foi-se o Carnaval e os  preparativos que o antecederam estes, por si só, uma festa à parte, estudantes voltaram às aulas, e rotinas estão, outra vez, presentes.
Que chatice!
Nem eu mesma consigo acreditar no que estou escrevendo.
Algo aconteceu comigo nas últimas férias.
Não, a coisa começou mais cedo, quando fui ao Rio de Janeiro em outubro.
Quatro dias de sol, de mar, de alegria.
E, claro, no meio de tudo, a quadra do Salgueiro.
Sim, ali foi o início de uma nova visão sobre tudo e sobre todos.
Um novo mundo existia e, por mais que me dissessem que estar um par de dias, como turista,  era uma coisa,  e morar lá era outra muito diferente, bueno, tá, fiz de conta que acreditei.
Voltei a meus afazeres cotidianos e, pois é, não queria falar mas, comparados àquela magia toda, ficaram extremamente sem graça.
Trabalhei a pau e corda até o final do ano de 2014, não sem pensar, diariamente, no Rio de Janeiro e seus encantos.
Na leveza dos dias, no colorido da cidade.
Eis que me vejo, então, dia 5 de janeiro (olha o janeiro aí de novo...) de 2015 rumo a Pernambuco e àquelas férias de sonho que minha filha Marina me proporcionou.
Oito dias no Paraíso.
Oito!
É uma miséria, é uma ofensa, até, passar apenas oito míseros dias contra o restante dos dias do ano.
Isso não seria nada, se eu voltasse de Pernambuco e já parasse no Rio de Janeiro, só que não, vim voltando, voltando, até a sobriedade de Porto Alegre e, dias depois, até Itaqui.
Escondi todos os objetos com os quais poderia me cortar os pulsos (brincadeira).
Parêntese: eu adoro o Portinho, todos sabem, mas quando entrei no táxi fiquei olhando a paisagem até chegar em casa e achei tudo tão cinza, tão escuro... sem contar o mau humor do motorista.
Coisas...
Talvez eu tenha chegado sorridente demais.
Alegre demais.
Feliz demais.
E, como vocês sabem, meus queridos amigos,  se um pouco de felicidade incomoda muita gente, felicidade demais incomoda muito mais!
Sim, é bom voltar para casa.
Entretanto, um pedaço do meu coração ficou por lá: uma parte no Rio de Janeiro, naquela Copacabana maravilhosa, na quadra do Salgueiro; a outra em Porto de Galinhas, outra em Olinda, e o restante voltou pra cá.
O ano recomeçou, trabalhar é preciso, focar nas questões objetivas que se impõe, idem, encarar o Outono que se aproxima, enfrentar o Inverno e aguardar a Primavera para, finalmente, chegar até o Verão outra vez.
Nunca tinha me acontecido isso antes...
Pela primeira vez em 53 anos, senti uma vontade danada de largar tudo e sair por aí e cair na gandaia, me acabando de rir, como diz a música.
Hoje é segunda, dia 02 de março de 2015.
Nove meses me separam das férias.
O tempo de uma gestação.
Quem sabe, o tempo necessário para implantar tantas mudanças que rondam minha cabeça,  e voltar ao  Rio de Janeiro, a Porto de Galinhas e a Olinda em busca dos pedaços de coração que por lá deixei.

Boa semana, ótimo retorno às atividades!