quarta-feira, 27 de julho de 2016

Que Tonteria!

Custei  a crer quando o médico que me atendeu disse-me que por, no mínimo trinta dias, eu não poderia sair para a estrada, dirigindo.
Como assim? Que tonteria es esto?
Resulta que faz mais de mês um zumbido tem me atucanado os ouvidos, desses que a gente sente após uma noitada de música alta.
Algo pelo estilo.
Então, em pleno meio dia de um domingo,  senti tudo girando a minha volta, e não consegui enxergar  o chão.
Fiteira de carteirinha, em meio ao verdadeiro caos que se instalou no meu ser, de  cara pensei: tô indo pro andar de cima, vou fazer a passagem; aqui, sozinha na sala de casa, sem testemunha alguma.
 Ciao, mondo cane.
Mas como sou metida a esperta e não me entrego asi no más,  fui indo do jeito que deu até a porta da rua, pensando, e agora José, eu vou é sair daqui e gritar por socorro, minha adorada vizinha haverá de escutar, e pouco me importa que estou de pijama e completamente escabelada, sem uma gota de nada no rosto já nem tão viçoso que dispense um mínimo de make,  mas vá lá, que importância tem isso agora, trata logo de abrir a porta e de sair, te mexe...
Mexer como?
As pernas não me obedeciam, eu queria ir para a direita e saía para o outro lado, enquanto  na cabeça pipocavam sons estranhos, como de água borbulhando, estalos e apitos.
Que sensação terrível, a de não conseguir visualizar o chão.
Eis que cheguei à porta da rua e, abrindo-a, nela me escorei, olhando o dia lindo que girava doidamente a minha frente, sem conseguir chamar por ninguém, apenas esperando o marido chegar do super, e esse tempo me pareceu enorme, embora tenha sido de poucos minutos.
Fui parar no Hospital São Patrício e lá, disse-me a médica,  teria que ficar fazendo uma medicação diluída no soro.
Que desastre!
Fiquei bem quieta.
Obedeci.
Mas, tão logo me colocaram o soro, comecei a me rebelar: a troco de que santo preciso ficar aqui com esta agulha espetada no braço? se minha pressão está ótima, batimentos, açúcar...
Vou sai daqui!
Enfermeira!
Por favor, amiga, tira este negócio do meu braço. Já me sinto bem. Vou embora.
Ela me olhou, um misto de espanto e pena, e disse: mas a senhora está com o soro faz 5 minutos...
É, eu sei, mas estou bem, pode tirar.
Ela tirou.
Mas me disse: fique aqui que eu já volto.
E voltou.
Com a médica.
Que, de cara, foi mandando, coloca de volta o soro, e a senhora fica aí bem quietinha e vai fazer to-
da essa medicação até o final. Não vai sair agora de jeito nenhum.
Aquilo foi uma ordem e eu me entreguei.
Estendi meu braço com cara de ré para a enfermeira que, triunfante, recolocou tudo no lugar outra vez.
Desaforo!
Inferno!
Odeio isto!
Quem sabe eu mesma arranco este negócio? E a voz interior "...tu não sabe fazer isso, idiota.Vai que entra ar na tua veia e aí, sim!"
Tenta pensar em coisas boas.
Na praia! Areia, sol, calor, céu azul, mar...
Respira...
Tá melhorado...
Pensando bem, sou uma pessoa de sorte.
Moro em uma cidade pequena, o nosso Hospital é ótimo, fui prontamente atendida, estou medicada, então....acho que vou dormir um pouco...
Saí de lá duas horas depois.
E aí voltamos ao começo desta postagem, onde o médico que consultei na segunda feira me sentenciou:  nada de dirigir, etc, etc.
É triste isso.
Voltei para casa e por mais que tentasse me consolar, dessa vez não rolou.
O que rolou foi muita lágrima, isso sim.
Pois não poder sair por aí cuándo se me antoje soou à prisão, à controle, a todas essas coisas impostas que detesto.
Entretanto, é algo temporário.
Trinta dias. Apenas trinta dias!
Dos quais passaram-se três.
Enquanto isso, vamos driblando o tempo, curando a labirintite e dando uma gambeta na vontade de tanquear o carro, calibrar os pneus e zarpar, rumo à estrada, só o som do vento e a imensidão dos campos que se estendem a perder de vista...espetacular!
Ainda bem que os dias passam, céleres.
Ainda bem!












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