quarta-feira, 20 de julho de 2016

Quo Vadis?


Quo Vadis?
" Pra Onde Vais?"
Que maravilha seria se soubesse a resposta.
Pois eis que, nesta quadra da vida, me deparei com uma estrada que se abre ante meus olhos e, logo ali, bifurca-se em várias direções.
Vejo-me em meio aquele lugar, olhando para todos os lados e sem saber para onde devo ir. 
Não bastasse a onipresente dualidade que me é peculiar, como boa geminiana que sou, surgem questões que precisam ser resolvidas e, sim, para tudo há uma solução, mas nada é fácil, muito menos de graça.
 Ponho-me a pensar e,  ultimamente, confesso que tenho feito isso em demasia.
Nestes anos de orfandade - treze anos sem meu Pai e sem minha Mãe, aprendi a reconhecer determinados sinais que eles me mandam ou, talvez, não seja nada disso, apenas um exercício da imaginação e um profundo desejo de alma, o de ouvir aquele conselho amigo, sem qualquer nuance de interesse.
Um abraço apertado como só meu Pai sabia me dar, um abraço terno e açucarado, do qual só minha Mãe detinha a fórmula: às vezes, precisamos desesperadamente de alguma coisa que nos faça lembrar que essas pessoas estão perto de nós.
Hoje, durante o café da manhã, lembrei do meu Pai, como sempre lembro; mas hoje,ainda  mais.
Saudade, e ponto.
Pensava eu: quanta falta me fazes!
E agora, Pai, estou há meses perguntado a mim mesma: " quo vadis"?
Saí para o trabalho e, em meio à correria e análise de documentos, um colega, da maneira mais inesperada possível, plantou-se ao meu lado e disse: 
" Lia Helena" - esse é o teu nome, não? Lembro-me de quando vieste um dia aqui na Prefeitura, no ano de 1984. Eras recém formada e teu Pai, o Dr. Edgard, entrou aqui e nos disse: " quero apresentar a vocês a minha filha Lia Helena, que agora é, como eu, Advogada."
" Lembras disso, Lia Helena"? perguntou-me o colega.
Sim, claro que eu lembrava.
Como poderia esquecer do sorriso lindo do meu Pai, de sua extrema alegria e orgulho, apresentando sua " colega"? Ele ria de puro contentamento, e eu também, andando, os dois, de braços dados por todos os setores da Prefeitura, num esplendoroso dia de verão.
Voltei aos meus 22 anos, quando o mundo era meu e tudo parecia possível.
Depois desse fato inusitado, levantei-me e fiquei um bom tempo ouvindo a voz do meu Pai.
Escutei  seu riso, senti seu olhar amoroso.
 Acima de tudo, escutei sua mensagem.
Quo Vadis?
E, de imediato, soube a resposta, o caminho e a direção.





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