domingo, 9 de outubro de 2016

Árvores Cortadas

Sinceramente, não consigo entender o que leva as pessoas a cortarem uma árvore.
Sou alucinada por plantas de todos tipos, eis que me criei num casa onde havia um pátio enorme, cercado de árvores e pequenos arbustos, flores em profusão, uma parreira maravilhosa, laranjeiras, bergamoteiras, bananeira, goiabeira, limoeiro.
Num canteiro, plantados com esmero, derramavam-se morangos, rubros e perfumados.
As calçadas que me viram crescer tinham flamboyaans alaranjados e vermelhos, lindos demais!
Não sem tristeza, observo árvores que levaram anos para crescer sendo cruelmente arrancadas, delas ficando, apenas, os troncos sem vida.
No dia da eleição, fui votar na Escola Estadual de Ensino Fundamental Felipe Nery de Aguiar, o meu amado Grupo Escolar Felipe Nery.
Ali é minha seção eleitoral e nem poderia ser diferente: escolhi a dedo onde iria exercer minha cidadania, e teria de ser onde fui alfabetizada, estudei por quatro anos e, diga-se de passagem, vivi os melhores anos da minha infância.
Não há lugar mais simbólico, para mim, que o Felipe Nery!
Mas, disto não se trata.
Evidentemente que os olhos infantis enxergam magia nos lugares mais feios, disso tenho certeza.
Mas também é verdade que a beleza não tem como não ser notada.
E a minha escola, a primeira da minha vida, era de uma simplicidade encantadora.
Era bela, limpa, perfumada, com canteiros floridos e, por óbvio, tinha uma árvore, a árvore dos meus encantos.
No meio do pátio ela se debruçava, sacudindo levemente os galhos, as folhas muito verdes brilhando sob o sol.
No inverno, era cuidadosamente podada para logo ali, na primavera, cobrir-se de flores.
Um flamboyant de flores encarnadas, imenso, sombreando a metade do pátio, sempre disponível para qualquer brincadeira, fosse para subir nos galhos mais altos, ou simplesmente pendurar nele um balanço.
Pois bem.
Fui dar uma volta pelo colégio, espiando por um lado, observando por outro...tentei não chorar, pois não havia como não lembrar da merenda da Dona Geni, servida em copos de alumínio - carreteiro, sopa de trigo, ensopadinho de massa, arroz doce...esse era o nosso lanchinho básico, servido pontualmente às 15 horas; das professoras maravilhosas, da sala da direção; dos colegas.
Fui indo e fui chegando até o fundo do pátio, e eis que me deparo com o que restou daquela árvore fantástica: um troco enorme, escuro e retorcido.
E por ali, onde outrora crescia a grama verde, construíram uma quadra, com aquele piso de concreto horroroso.
Que contraste!
Fiquei olhando aquele tronco feio e, mesmo sem querer, vieram as comparações.
Volto ao começo desta postagem, onde questiono a razão que leva as pessoas a cortar uma árvore.
Levantou a calçada, dizem algumas.
Faz muita sujeira, alegam outras.
Cresceu demais...
Para mim, nenhuma desculpa é válida.
Mais ainda quando vejo, no lugar da árvore, uma calçada de concreto, duro, frio, seco. E, no verão, sem uma mísera sombra, queimando ao sol.
Não consigo entender, não aceito, acho de uma ignorância atroz.
Talvez eu seja uma romântica incurável, ou uma saudosista, não sei.
É...
Perdão, amigos.
Mas a conclusão a que chegamos é que, lamentavelmente, a rudeza substituiu o encanto!







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