quinta-feira, 2 de julho de 2015

Pensando No Meu Pai

Quando estou alegre, lembro-me do meu Pai.
Quando estou triste, idem.
E quando preciso, desesperadamente,  de um ombro amigo e de um conselho daqueles que recebemos só de quem nos ama muito, sem pedir contrapartida,  penso nele.
Aliás, dias há em que consigo senti-lo tão perto que poderia, quiçá, tocá-lo, chego a ouvir sua risada alta, alegre, que não deixava dúvidas, sim, ele estava de bem com a vida.
Hoje lembrei-me dele logo que acordei, saí para o pátio gelado, cedinho da manhã, para observar o dia e o céu lindo do meu Itaqui.
Parêntese:
Eu ando, viro, vou e volto, e sempre vejo-me a pensar no quão ligada estou a esta terra.
Adoro viajar, é verdade, é um privilégio poder visitar lugares, conhecer novas paisagens, rever amigos, fazer programas diferentes.
Mal chego, ponho-me a matutar sobre o próximo destino.
Só tem uma coisa: lá pelas folhas tantas, eu quero voltar.
Quero voltar para o Itaqui.
Preciso rever a Praça com suas árvores majestosas, olhar para o prédio da Prefeitura, passar pela Igreja Matriz de São Patrício, encontrar meus amigos e afetos, conhecidos, ir até a padaria, ao Salão de Beleza que frequento há mais de 12 anos, eu preciso.
Cada vez que volto do Porto Alegre, o povo de lá me questiona: por que não vem de muda para cá?
E eu, realmente, sinto-me tentada, não vou mentir.
Entretanto, há algo que não me deixa partir: são minhas raízes.
Eu nasci e me criei no Itaqui, aqui criei minhas filhas,  a maior parte de minha história de vida está aqui.
Tudo isso veio à baila por uma razão mui simples: preciso tomar decisões e não posso errar.
Não devo errar, isso é um luxo permitido a quem tem 20 anos, não a quem está com 54.
Será?
Fecha parêntese.
Voltemos ao início: quando estou alegre, lembro-me do meu Pai.
Quando estou triste, idem.
Ao ter que decidir sobre determinada questão, pensei nele ainda mais, em sua figura ímpar, no seu abraço.
Que falta tremenda me faz o seu abraço!
Vejam vocês, queridos amigos, como são as coisas.
Eu saí para o trabalho matutando, falando mentalmente com ele, contando a ele de algumas amarguras e aborrecimentos, e dessa forma fui indo.
Quando desci do carro, quase de imediato, um amigo me avistou e veio ao meu encontro, de braços abertos, e me deu o popular abraço de urso, tão apertado que quase sufoquei, e ali ficamos conversando, na calçada da prefeitura, por alguns minutos.
Não pude deixar de pensar que aquele abraço do meu amigo era muito parecido com o do meu Pai.
Quem sabe um recado...
E, como já postei aqui outras vezes, o poder do abraço e sua força são como um remédio para a alma e para o coração.
E, de acabrunhada que vinha, passei a sentir uma grande alegria.
Um par de horas depois, eis que surge a resposta para minhas dúvidas e questionamentos, tão fácil e simples que até me pareceu um verdadeiro milagre.
E o notável é que, a todo instante, sentia a presença do meu Pai do meu lado, a me amparar e confortar, como nos velhos tempos.
Há certas coisas que não conseguimos explicar.
Apenas sentimos.
O que posso dizer, então, é que há uma energia, emanada do amor, que permanece e, de alguma forma, se comunica, não importa o tempo ou o lugar.
E hoje pela manhã, recebi uma mensagem muito clara dele: primeiro, através do abraço do meu amigo e, depois, pela notícia, há meses esperada.
Também pensei em sua tenacidade e perseverança, nos tempos difíceis de sua vida, na força com a qual enfrentava ventos e tempestades.
Ele era um lutador, portador de uma fé inquebrantável.
Aprendi tanto com meu Pai.
Continuo aprendendo.
Grandes lições trouxe-me o dia de hoje.
Encerro, alegre e, como não poderia deixar de ser...pensando no meu Pai.


















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