sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

O Passado Que Assombra

Há dias em que o passado vem bater à nossa porta.
E é bom.
Outras vezes, ele chega sem ser convidado e entra, escancarando tudo,  abrindo janelas feito ventania no prenúncio do temporal.
E é péssimo.
O passado encerra o que somos.
O passado é um tempo que já foi vivido, mas que é tão presente...
Nas memórias afetivas, nas histórias que vivemos, nas marcas que nos deixaram e naquelas que também deixamos nos outros.
Há o passado alegre, dos momentos doces, da ternura sem fim, do colo, do afago, do amparo, da sensação de estar completa e nada faltar, dos dias que,  se olhados num conjunto, são uma tela colorida.
Também faz parte do acervo o passado negro, de outras trajetórias que não gostaríamos de ter percorrido.
Um e outro estão ali, dentro da alma.
Dependendo da situação, vêm à baila o passado fantástico, tão lindo que talvez  sido um sonho...
Ou o passado que assombra pelo excesso de feiura: ganância, inveja, traições e mentiras.
A grande sacada é buscar o equilíbrio e tentar conviver com os dois.
Ao deleitar-se com a viagem no tempo que foi de muitas alegrias, há que se estar  atento a que, embora aquele tempo não volte mais, o fato de ter existido serve como fonte de inspiração, bálsamo curativo, verdadeiro sustentáculo para as horas mais amargas.
A mera lembrança faz o sorriso voltar ao rosto, ainda que de forma tímida: sim, houve um tempo de amores!
Por outro lado, quando o vendaval do passado que assombra começa a soprar, ou encaramos, ou fechamos as janelas.
Há um tempo em que fazemos questão de enfrentar o passado negro;  se ele não vem  saímos atrás dele, para que aquilo que é tão doloroso nos dilacere até deixar a alma num estado deplorável.
Tempo, tempo, tempo...
O tempo nos mostra que, tão necessário como ir até o fundo do poço para ficar cara a cara com o passado que assombra, de fundamental importância para nossas vidas é saber - e conseguir voltar.
É um tour de force, uma luta entre luz e escuridão, avanço e estagnação, leveza e peso.
O passado bom pode vir e chegar, delicadamente, para tomarmos un té, o una copita de vino!
O passado que assombra, quando tentar entrar, dificilmente conseguirá: meu coração está em lugar de difícil acesso.














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