segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Pijama Velho

Quem é que não tem um pijama velho, um langanho, aquele que quase fala?
A gente tem!
Guardado no fundinho da gaveta, que é para que ninguém veja mas, nas horas solitárias ou naqueles dias em que precisamos de algo que nos conforte,  o pijama velho sai à baila.
E como é bom!
Lembrei disso -  algo tão inusitado para uma segunda feira de fevereiro com um calor de 40 graus como, costumo dizer e repetir, somente em Itaqui sabe fazer porque, apesar do sol e da tentação de cair na água, hoje foi preciso recolher os flaps.
Uma tarde de repouso forçado.
E o sol brilhando lá fora.
Acontece que, via de regra, costumo esquecer que tenho 5.3 e faço coisas e loisas que seriam mais apropriadas a alguém de 20 anos, por exemplo.
Minha natureza inquieta não me deixa ficar apenas olhando a caravana passar, muito menos  observando, mera espectadora.
Não dá.
Por essas e outras, ocorre que, cedo do domingo já fiquei em função de minhas plantas, que adoro, puxa pra lá, muda pra cá, e assim passei boa parte da manhã, não sem antes ter saboreado aquele matecito especial escutando os sons do dia, o que é um verdadeiro espetáculo: pequenos pássaros, vento suave nas folhas das árvores...sempre a mesma coisa, mas de uma magia ímpar.
Logo depois, a água me convidou e não resisti como, aliás, nunca resisto, eis que sou louca por água.
Fato é que nadei muito, pulei muito, a criança grande entrou e saiu várias vezes da piscina e, não satisfeita com isso, resolvi correr, para cair na água outra vez.
Uma farra e tanto.
O resultado veio na forma de uma dor incômoda e persistente que começou cedinho e, à tarde, só fez aumentar.
Não tive remédio a não ser cancelar meus compromissos e dar um tchau para o sol e para o calor do verão: cama, meu corpo gritava.
Movimento, eu respondia.
Quietude, ele insistia.
E levou a melhor.
Sem saída, abri a gaveta e, de lá do fundinho, tirei o pijama velho.
Ele quase sorriu para mim, debochado, ah, só lembra de Santa Bárbara quando troveja, né...
Engraçado... colocar o pijama velho, que é de algodão e é tão suave e macio que não esquenta, não aperta, só acaricia, foi quase uma cura.
Ali ficamos, os dois, o pijama velho e eu, num diálogo altamente profícuo, ele, como um bom amigo, aconselhando-me a não cometer tais excessos, eu, escutando, agradecida.
Fiquei de molho um bom par de horas, tentando melhorar,  até que decidi sair por aí, com dor e tudo.
O pijama velho lançou-me um olhar de soslaio, deu um suspiro resignado...
E voltou para o fundinho da gaveta!






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