quarta-feira, 13 de maio de 2015

Interioranos II

 Eu adoro vir ao Portinho, até porque minhas filhas moram aqui. Houve um tempo, inclusive, que cheguei a pensar seriamente na possibilidade de me mandar de mala e cuia para a Capital, de tanta saudade que sentia dos meus três amores.
Minhas filhas, a melhor coisa que me aconteceu, presentes que a vida me deu.
Mas, assim como elas cresceram e se tornaram mulheres independentes e bem sucedidas, graças a Deus, também eu dei o meu grito do Ipiranga, no sentido de que não tenho mais obrigações que antes me tomavam o tempo todo:  levava e buscava da escola e, nos intervalos comerciais, tinha o inglês, o ballet, a natação, as festinhas e, mais tarde, as baladas, as saídas de baile, e lá ia eu, atravessando o Itaqui às 3, às 4, às 6 da manhã pra buscar, nunca deixei que viessem de carona, salvo com alguma outra mãe ou pai. Muitas vezes, aliás, era minha vez de deixar as amigas em suas casas, levava quatro, cinco meninas antes de chegar em casa e, aí sim, dormir a bandeiras despregadas, sabedora que o trio parada dura estava ali, no quarto ao lado.
Foram tantas as madrugadas que passei dormindo um sono de passarinho, acordando de hora em hora, até o momento de ir buscá-las que perdi a conta, lembro-me do quanto resmungava ao ter que sair da cama quentinha, abrir o portão, tirar o carro, mas bastava avistar as carinhas sorridentes que um imenso alívio me invadia.
O tempo passou e agora elas vão e vem em seu próprio carro e, embora me preocupe, até que consigo dormir melhor, moram distantes de mim, nos vemos uma ou duas vezes ao mês por, no máximo três ou quatro dias e era isso, cada uma volta aos seus afazeres e as suas rotinas.
Claro que eu gostaria de morar perto delas, não a 730 Km, mas Itaqui é longe, então, assim tem sido os últimos seis anos de nossas vidas.
Digo a vocês, entretanto, que a cada visita ao Portinho amado mais me convenço de que o meu lugar é, de fato, no meu Itaqui.
Não tem jeito.
O interior está tão dentro de mim, arraigado, enraizado no coração, que de lá não vai mais sair.
Tanto que, após cinco dias na Capital já ando suspirando de saudade dos meus gatos, do  pátio de casa, das plantas, que conheço uma a uma, do Rio Uruguai ...ah, o Rio Uruguai é lindo demais!
Eu sou, e sempre serei uma interiorana  apaixonada pela minha terra e suas gentes, pelos dias e noites  em que ouço apenas o som do vento nas árvores que ficam na frente da janela do quarto, do canto dos pássaros, meu despertador de todos os dias quando salto da cama pra fazer meu doce amargo e abrir a casa, olhando  o céu que ainda no clareou, de sair à rua e encontrar, a cada tanto, um conhecido, um amigo, um colega de trabalho.
Eu sou, e sempre serei uma interiorana apaixonada pela minha terra e suas gentes!
Itaqui é o meu  lugar e, esteja onde estiver,  é para lá que sempre quero voltar. 



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