terça-feira, 4 de novembro de 2014

Correria

E não é que a correria de final de ano já começou?
De onde vou tirar tempo para fazer tantas coisas?
Isso me angustia, viu.
Sempre correndo, sempre com algo em mãos.
Olha o paradoxo, logo eu, geminiana, geralmente envolvida com alguma coisa para que não me ataque la depresión, de quem disparo como o diabo da cruz, reclamando.
O ano está terminando.
Outra vez.
Olhamos para trás e vemos o quanto andamos e realizamos, e alguns projetos que ficaram somente no desejo mas não foram adiante.
Essa sensação de falta de tempo sempre me acomete quando volto de Porto Alegre.
A distância entre Itaqui e o Portinho é tão grande - 730 km que essa viagem, por mais que me agrade andar na estrada, cansa, e cansa muito, levo uns dois dias para retomar o prumo.
Nesse ínterim, ponho-me a pensar em todas as coisas que preciso fazer e que estão pendentes, e começa a me dar um nervoso que, de modo geral, funciona do seguinte modo: primeiro, um sono que não cura nem com um balde de café, resultado das poucas horas de sono, pois quando estou com minha filhas, dormir é o que menos quero fazer.
Durmo tarde e acordo muito cedo, como se quisesse espichar o tempo, que sempre é exíguo e nunca o suficiente.
Ademais, estranho a cama e todos aqueles sons, peculiares à cidade grande.
Resultado é quando chego de volta no meu Itaqui que fica quase no fim do mundo e vejo minha cama, atiro-me e dali não quero sair, ainda mais quando olho, na   mesinha de cabeceira, a listinha básica das tarefinhas que me aguardam.
Em segundo lugar, vem a puxada de orelhas do meu outro gêmeo, do cobrador: sai daí, levanta e vai fazer o que é preciso!
Chato!
Saio meio estilo zumbi, com muiiita preguiça e uma vontade louca de soltar tudo e sumir por aí, sem lenço e sem documento, apenas para saborear o dia que se esparrama à vontade.
Para isso, com a graça de Deus, tiro férias, o direito mais sagrado, depois do salário, do trabalhador.
Férias...
Enquanto a pilha se afazeres não diminui, vou sonhando com elas, contando os dias que faltam para que eu possa andar sem qualquer agenda.
Na mala, nada.
Nem mala quero levar.
Apenas, como no poema de Casimiro de Abreu, quero sentir -me assim:
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito, 
 Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas,
À roda das cachoeiras
Atrás das asas ligeiras
 Atrás das asas ligeiras,
Das borboletas azuis.
E que a correria seja apenas para ir atrás de borboletas...





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