quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Para Onde Vai a Cidade?

Eu gosto de viajar de dia, um verdadeiro exercício de paciência, muita imaginação e nove horas de pensamentos que correm para lá e para cá.
Há tempo para pensar em vários assuntos mas, via de regra, imponho-me uma certa disciplina, a qual não me permite pensamentos tristes ou chatos.
Eu mando na minha cabeça e ela me obedece.
Antes de subir no nosso glorioso Planaltão, que paticamente atravessa o estado até Itaqui passo na banca de jornais e revistas, imagínate uma viagem de tal porte sem um mísero texto para ler.
Bem acomodada em minha poltrona observo, satisfeita, meu pequeno farnel de porcarias: pastelina, uma coca cola, uma barrinha de chocolate branco, um pastel de rodoviária - delicioso!, e passo a mão no jornal.
Creiam, amigos, essas viagens tem o poder de me deixar feliz, alegre e grata.
Gratíssima!
Não dá pra ficar triste quando a gente tá saboreando uma pastelina bem fritinha  com uma coca gelada.
Azar pro resto!
Chamou minha atenção a entrevista de Zero Hora a um arquiteto dinamarquês e ele, em síntese, alega que o urbanismo deve ser feito para as pessoas, do qual é exemplo Copenhage, eleita a melhor cidade no mundo para se viver.
Ainda, diz Jan Gehl, que as cidades deveriam ser pensadas não em termos de prédios e carros, mas de como as pessoas se locomovem nela e, nesse sentido, aduz que um bom lugar é aquele que concentra, ao seu redor, comércio, bancos, parques, prestadores de serviços, a fim de que o cidadão disponha de tudo ao alcance de suas mãos, caminhando ou, no máximo, fazendo uso de bicicleta.
Fiquei pensando naquilo.
Pensando.
Ontem, já em Itaqui, fui atrás de um pedreiro que reside em um bairro afastado do centro.
Fui bem devagar, observando as significativas mudanças naquela avenida e não pude deixar de passear pela nostalgia, lembrando de minha infância quando meu Pai, sempre aos sábados à noite, dizia para minha Mãe: Kilazinha, vamos dar uma volta?
Íamos nós três no carro, eu encolhida no banco de trás, ele dirigindo e minha Mãe tecendo um que outro comentário.
Ele ia bem devagar - assim como eu, ontem e, lembro-me bem, a iluminação da rua era fraca e triste, lâmpadas nos postes de madeira, longe longe; um que outro cachorro acoava, distante, pessoas, quase que não as havia, comércio, nem pensar.
O grade programa era ir até o Regimento e, ali, dar a volta.
Uma coisa meio soturna, aquela avenida, com suas casas fechadas e feias, a rua poeirenta, sem calçamento.
Que tempos! 1967, por aí.
Volta para 2016.
Esta avenida, hoje, parece ter absorvido, mesmo sem saber, por óbvio, o conceito de arquitetura humanista de Jan Gehl.
Logo que entramos nela, verificamos pujante comércio, onde há de tudo: revenda de carros,padarias, lojas, serralherias, farmácia, escritórios, floricultura e consultórios de profissionais liberais.
Mas, não se engane, achando que tudo é uma mistura esculhambada.
O crescimento do lugar parece ter seguido uma lógica em relação à estética das casas, que são simples, mas de muito bom gosto. As vitrines das lojas são muito bem arrumadas.
Pessoas circulam, há movimento, tem vida.
Tão linda está nossa Avenida Tito Correa Lopes, iluminada, vibrante e colorida.
Para onde vai a cidade?
Para onde há desejo de crescimento, de mudança, onde as pessoas têm criatividade: " basta investir nas coisas certas e pensar a logo prazo", conforme o já citado arquiteto.





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