terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Senhora Vassourinha

Com a proximidade - espantosamente rápida do final do ano, começo a ter meu ataque de São Francisco de Assis, o qual se apresenta assim, sem dia nem horário marcado.
Pura verdade.
Um dia acordo e penso: hoje, impreterivelmente, darei início às arrumações.
Roupas que não uso há mais de dois anos, louças empilhadas nos armários, como aquele bule tão lindo, mas sem serventia...claro, sempre penso, vou usá-lo para colocar um arranjo de flores, mas esse dia nunca chegou e nem chegará, então, que vá ser útil em outro lugar.
De igual modo, livro-me de jornais, revistas, daquele saco de lenha para lareira que sobrou, da bolsa de cimento, de algumas lajotas,  do que for.
A gama de objetos que não utilizo mais é grande e, nessas horas, vejo e concluo como me faz bem poder dividir com os demais aquilo que, para mim, perdeu a importância.
Quem é generoso em doar, obtém grandes colheitas, esta, uma das máximas que rege minha vida.
Tudo o que possuo, utilizo.
Quanto ao restante, tem passe livre e terá novo destino, a fim de que a energia acumulada se liberte e novos ares possam circular.
Eu me abro, sinceramente, para quem guarda quinquilharias: tampinhas de garrafa, copos de requeijão, garfinho plástico, o potinho do iogurte, a garrafa pet.
Admiro.
Essas pessoas reutilizam tudo.
Acho fantástico,  mas reconheço que sou uma nulidade para isso e, por tal razão, passo adiante as sobras.
A toda certeza, mãos habilidosas e criativas saberão fazer maravilhas com meus descartes
Esse hábito, o de faxinar tudo antes do final do ano, herdei de meu Pai, fanático com seus livros, e de minhas tias Mondadori, eis que minha Mãe Maravilha não era lá muito dada a tais arrumações.
Ao contrário, irritava-se.
Muitas e muitas vezes ela me perguntou, nena, no te cansás de arreglar roperos y armarios?
Pois não me canso, Mãezinha.
O que me cansa é ver a inutilidade de certas coisas e o acúmulo sem sentido de bens materiais que não  trazem nada de bom, estão ali apenas para encher nosso coração de nostalgia e daquela saudade que abruma e aplasta.
As minhas filhas amadas me apelidaram de sra. Vassourinha, dada minha mania de querer organizar as coisas.
E eu varro mesmo: antes do final de cada ano, ponho para fora o que não tem mais sentido e, com isso, purifico meu entorno, tornando-o mais leve.
Ano Novo, coisa boa.
Que venha 2017!!!





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