quinta-feira, 23 de março de 2017

Adoçando a Alma

Para afastar a tristeza e o desânimo que, certa feita estava sentindo, decidi fazer um doce.
Uma ambrosia.
Mas a coisa não foi assim tão fácil, barbadinha.
Fazia dias que eu andava com um mal estar que não era meu, como se houvesse uma nuvem escura pairando sobre minha cabeça, que não se dissipava com nada.
Pensar, era o que mais andava fazendo naqueles dias.
Aborrecida, a tal ponto que andava reclusa a fim de poupar os amigos da cara fechada.
Ruminando.
Resmungando.
E, novamente, pensando.
Aí está algo que abomino, e é a mentira.
O pseudo amor; a falsa amizade; a desculpa esfarrapada, mais fria que bunda de pinguim.
Essas coisas, primeiramente, me entristecem. Depois, me enraivecem.
E, por fim, fico dias e dias com aquilo na cabeça,
É muito irritante, esse processo todo, mas é assim que ele funciona para mim.
O caso é que, numa certa manhã, acordei farta daquele estado de coisas, e decidi encarar de frente o que estava me incomodando.
Eu mesma, foi a primeira pessoa que listei.
Estava de mal comigo mesma, pois não nasci para engolir sapos, e eis que me vi empanturrada deles.
Engasgada.
Com tantas coisas para dizer que poderia ficar horas tecendo comentários e tentando justificar erros que, vejam a ironia da coisa, não eram meus!
Pois bem.
Se eu efetivamente fosse verbalizar o que pensava, não restaria pedra sobre pedra.
Optei, então, por uma via nova, desconhecida, mas infinitamente mais prazerosa e salutar: escancarei as janelas da minha alma para um caminho terno e doce, e fui fazer uma sobremesa.
Não há como ficar triste quando uma calda começa a ferver e a exalar seu perfume, quando acrescentamos os ovos batidos, o leite, a canela, o cravo, umas gotinhas de limão, e essa mistura começa, lentamente, a se unir, adquirindo um tom dourado.
E foi assim que, um dia, mandei a tristeza embora, e minha alma cedeu lugar à doçura e à alegria.
Mexendo aquela ambrosia, diluíram-se em açúcar todas mis penas.
Foi-se, a nuvem escura.
Terminei o doce, deixei esfriar e, deliciando-me com ele, conclui que, para certas situações e algumas pessoas, há que aplicar-se o ditado argentino: mejor perderlo que encontrarlo pues, menos vulto, más claridad!








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