quarta-feira, 8 de março de 2017

Blindagem Verde

Herdei de minha Mãe o costume de sentar no pátio de casa, à primeira hora da manhã, com um matecito recém feito, a fim de observar o início do dia.
Um hábito do qual não abro mão, pois o considero essencial para minha saúde mental e física.
De minha cadeira, olho o entorno sinto o ar, ainda  úmido, da manhã.
Reinam, absolutas, a tranquilidade e a paz.
Sons, ouço o canto dos pássaros e o vento nas folhas das árvores e arbustos.
Sou um ser que ama as plantas e, por tal razão, encontro-me cercada de verde por todos os lados.
Dia desses, pensava em como é importante ter um recanto de onde podemos assistir, como se fosse um filme, o desfile de ideias, desejos, sonhos, inquietações, medos, angústias, alegrias e outros tantos sentimentos que trazemos no coração.
Um lugar onde desnudamos a alma, sem segredos.
Nós, e nós mesmos.
Eu me sinto extremamente grata por ter, a minha disposição, um local assim.
Ali, embora a mente esteja aberta e absorva as energias do dia que começa, sinto-me protegida por uma blindagem verde que me encanta e me afaga, acalma meus temores e eleva meus pensamentos.
Durante uma hora, todos os dias, há uma troca intensa entre nós, a natureza e eu.
Cuido de cada pote, arbusto, árvore, flor e muda que plantei com amor, e eles me retribuem com sua presença silenciosa, mas de um poder sem igual.
As plantas alimentam e nutrem nosso eu interior de bons sentimentos e, desse modo, a  raiva, a indignação e a sensação de impotência que experimentamos às vezes por determinadas situações, se diluem ante sua beleza simples e mágica.
A cada manhã renovam-se a fé, a esperança e a vontade de seguir adiante, sem embargo dos dissabores e desilusões comuns a todos os mortais.
Neste período sabático que me impus voluntariamente, tenho mantido diálogos altamente produtivos comigo mesma, num reencontro por muitas vezes adiado e, por outras tantas, relegado a segundo plano.
Há momentos na vida  em que uma das únicas certezas que temos, é a de que queremos nos livrar de inúteis quimeras, de preocupações desmedidas, de entulhos que atravancam nossos dias.
Sobram os afetos verdadeiros, meus dois gatos, o abraço diário de minhas plantas, o céu espetacular do meu Itaqui, o mar, uma viagem aqui e outra acolá, cinema, livros( muitos livros), música...
Muito para agradecer, quase nada para pedir!















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