segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O Jasmim Encantado

Há muitos anos, uma pessoa de  bom coração presenteou-me com uma muda de jasmim.
E aquele jasmim era especial, pois fora colhido do jardim da casa de meu Avô paterno, Atílio Mondadori.
Minha Avó Mathilde, a quem meu Avô chamava de ricura, era a que cuidava do jasmim, que se esparramava, soberano, sobre as grades que separavam o jardim do restante da casa.
Ali, naquele espaço mágico, minha Avó plantava rosas, gerânios, amores perfeitos, lírios, margaridas...tinha um canteiro todinho de margaridas!
No meio do jardim, um chafariz, que fazia borbulhar a água, refletindo o brilho do sol.
Como era lindo o jardim da casa de meus Avós paternos!
Há uns 15 anos, aproximadamente, ganhei uma pequena muda daquele jasmim encantado, que já durava tantos e tantos anos e, creio eu, ressentido com a falta das mãos de minha Avó, mostrava-se velho e cansado, dando mostras evidentes de que desejava ir embora, pois não florescia mais com antes quando, todos os meses de outubro, cobria-se de flores, cujo perfume sentia-se da rua.
Então, outro remédio não teve, a não ser retirar o jasmim dali.
Foi uma operação triste, pois ele fazia parte da história da casa, dos dias em que minha Avó podava-o, do tempo em era preciso regá-lo e também, dos dias felizes em que, tão carregado de flores estava que havia-as para encher todos os vasos de minha tia Alba, que fazia arranjos com flores como ninguém.
Foi-se embora o jasmim da casa de meus Avós, mas sobrou uma pequena muda para mim, que me foi dada por Adalgisa Chavaré, a Mãe Gija, como era chamada por todos.
Trouxe-a para minha casa e, por vários dias, mantive-a num pote de vidro com água, trocada todos os dias, até que criasse raiz e, depois, plantei-a num canto da área.
Os dias e meses e anos se passaram e ali, naquele local, o jasmim encantado floresceu, e tornou-se um arbusto forte, grande d formoso, que proporciona uma cortina de sombra a uma parte da área no verão, e perfuma a casa, o pátio e as redondezas todos os meses de outubro e novembro com tantas flores, que consigo enfeitar todos os vasos que possuo.
As mãos que, durante anos a fio cuidaram daquela planta, me repassaram, ao que tudo indica,  a tarefa de fazer com que ele continuasse florescendo.
Desde que o plantei, o jasmim encantado e eu mantemos uma relação de amor, cuidado e muita cumplicidade: eu ajeito seus galhos retorcidos quando é necessário, molho suas folhas quando sinto que ele está com sede, e ele me retribui com flores verdes e brilhantes, flores de delicioso aroma e com ninhos de pequenos pássaros, que cantam o ano inteiro.
Agradeço tanto aos meus Avós paternos, que um dia plantaram uma pequena muda de jasmim, que era encantado e, desde o início, veio para ficar nas mãos de nossa família por várias gerações.
O amor, em suas mais variadas formas, sempre permanece!




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