quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Edegariana

Edegariana é um estado de espírito que me é peculiar, isto é, aplica-se àquele dia em que acontecem determinados fatos que me tiram do sério.
E digo, quando tenho uma reação edegariana, que a mesma é uma maneira de homenagear meu Pai que, quando provocado, era um Deus nos acuda.
Nisso, em parte, diferimos.
Importante que se diga, e se frise, que não costumo reagir na hora h.
Não.
Quando sou agredida, de modo geral, me calo.
É que me pega de surpresa, de onde não espero, e minhas reações, invariavelmente, são as seguintes: primeiramente, fecho a boca, o sorriso é o primeiro a debandar.
Em segundo lugar, sinto que minhas narinas de abrem, tal como um bicho acuado quando sente o cheiro do perigo.
Por derradeiro, passo a olhar bem para o meu interlocutor, presto muita atenção naquele ser que sofrerá, oh, sim, será vítima de minha vingança maldosa e maligna.
Sou exatamente assim, mas também sei ser imprevisível, como costumam ser os geminianos autênticos, e é preciso um pouco de manha para saber lidar com estes e outros detalhes tão pequenos do meu ser.
Pois tenho sempre um sorriso largo e um abraço à disposição dos meus amigos e dos meus afetos.
Entretanto, também é verdade que  guardo um cantinho especial para aquelas pessoas que pensam que me conhecem e vem me cutucar com vara curta.
E o que viria a ser uma vara curta?
A lista é longa.
O que me  tira do sério é a mentira.
Aquela falsidade toda escorrendo, feito uma baba nojenta pelo canto da boca, delatada pelo olhar.
Quer saber se alguém está sendo verdadeiro? Olhe no olhos da pessoa, e você terá sua resposta.
Dois pesos, duas medidas, outro item de minha lista.
Pois se é assim, por que, um tempo depois, tem que ser assado?
Tampouco me agradam os invejosos - bueno, isso merece uma postagem à parte.
Gosto das coisas claras e ditas olhando no meu olho, pois respostas dúbias dão margens a interpretações errôneas.
Dissimulação, outro item da listinha básica que me deixa possuída.
Fiz todo esse floreio para falar que meu Pai, o Dr. Edgard, era afável, risonho e extremamente companheiro, para ele não havia tempo ruim.
Mas quando saía do sério...
Depois que ele foi embora - e hoje faz 11 anos e, não por casualidade, eu estava pensando na melhor forma de traduzir meu aborrecimento com algumas circunstâncias quando me veio à cabeça sua presença num dia de temporal, sempre penso nele en las buenas y en las malas, fiquei pensando o que ele faria se estivesse no meu lugar.
Então, respirei fundo e sorri.
Senti, dentro de mim, uma força muito grande, a força do Dr. Edgard.
Senti-me completamente Edegariana.
E aí, tudo clareou, algo como abre alas, que eu quero passar.
Eu vou passar.
De trator.
Por cima de você!






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