sábado, 13 de setembro de 2014

Hipocrisias Socias

Tá tudo virado, ultimamente.
Nem ia falar sobre tais assuntos, mas é tal o volume de aberrações que vem se sucedendo que não se pode calar.
Primeiro, a questão do racismo.
Sim, nada a ver o que fez aquela jovem durante o jogo.
Agora, usar essa próxima para servir de exemplo é de uma tal hipocrisia que enoja.
O que ela fez é grave e fora de propósito.
Tá.
Mas o que vem sendo feito contra ela, de maneira sistemática, é infinitamente  pior!
Eu, sinceramente, se tivesse que ver o rosto de uma de minhas filhas, banhado em lágrimas,  estampado na capa de um jornal de grande circulação pedindo perdão, perdão, por um ato que teve muito de ingenuidade, e pouco de crime, morreria de desgosto!
Perdão?
Perdão, somente se pede a Deus, e fim de linha!
Para o resto, existe a Justiça, e ela que se encarregue.
O que ela fez foi errado, mas nada justifica o tamanho do escândalo em torno do fato, até porque tais
situações existem desde o tempo do Brasil Colônia,  e agora é essa jovem a que tem que pagar.
E pedir perdão.
E o povo todo acossando, pressionando,  julgando.
Joga pedra na Geni, joga bosta na Geni...
Essa situação já passou de todos os limites do aceitável, mas é que sempre tem um grupito que toca a manivela, e se encarrega de que  ela não pare de rodar.
Essa pessoa tem 23 anos, e garanto que muitos, muitos estavam gritando coisas até piores, mas ela foi o bode da vez.
Cambada de hipócritas, isso sim!
Na frente das câmeras, todos politicamentiiii corrrééétos; em casa, entre quatro paredes...
Ninguém discorda que essa jovem agiu mal.
Agora, esfolar a menina em praça pública é muita sacanagem.
Será que ela vai ter que ir embora do Brasil?
De sua cidade?
Do seu Estado?
Para aprender?
Para aprender o quê?
Que ela, e somente ela serviu de bode expiatório para um montão de gente reacionária, hipócrita e racista?
Agora, o casamento gay.
Mas casem, gays!
Amem-se, e vivam felizes para sempre!
O amor é um sentimento sublime, e não importa se ele se dá entre homem/mulher, duas mulheres, dois homens.
É amor, e toda forma de amor vale a pena.
Agora, a troco de que santo inventaram de fazer essa celebração - celebração, e não guerra, dentro de um Centro de Tradições?
O nome já diz tudo: Centro de Tradições, de costumes do tempo da pedra, tais como não poder dançar de saia curta e blusa decotada, e outras bobagens mais.
Querem enfiar, goela abaixo, dentro de um Centro de Tradições aquilo que vai de encontro a tudo o que ali é apregoado.
Não pode. Não dá.
Não é a união que não pode, é o local que é impróprio.
Até agora, estou sem entender qual é o papel da ilustre Magistrada que teve essa ideia, e depois andava lá, olhando os estragos provocados pelo incêndio.
Sempre aprendi que o juiz de direito tem que ser imparcial, e a ele cabe aplicar a lei ao caso concreto.
Vai ver que isso também mudou.
Tá tudo errado.
Tá tudo virado.
Assim como não se pode subir na torre da igreja e pintar a bunda de vermelho, e a ninguém é permitido ingressar numa sala de audiências de bermudão e chinelo de dedos, não dá para interferir em uma sociedade que possui um estatuto que, por seu turno, foi elaborado pelos associados.
Isso não é preconceito.
Isso são regras que foram feitas por uma entidade privada. 
Que, como tal, tem que ser respeitada.
Por que, se assim não for,  vou querer entrar numa audiência de biquíni e, se me tirarem, alegarei que estava com calor, que sou livre, que o Brasil é nosso, que estão tolhendo meus direitos de cidadã...chamem o pessoal dos Direitos Humanos, a imprensa e o síndico.
O circo estará formado.
Nós vivemos em uma sociedade organizada, e organização não é preconceito.
Mesmo que existam normas antiquadas e fora da casinha,  precisam ser respeitadas e, para mudá-las, a sociedade como um todo tem que ser consultada.
A vida em sociedade exige  limites e respeito.
Acima de tudo, coragem para deixar de lado a hipocrisia social e encarar as mudanças de frente.
Libertar-se de  tantos  pré conceitos sobre o que é, de fato, preconceito.














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