domingo, 27 de abril de 2014

Aspira!

No finalzinho de junho, terminado o semestre na faculdade, me largava pra Itaqui no mesmo dia,  para as tão esperadas férias, não aguentava a saudade de casa, dos amigos, da cidade.
Mês de férias, 40 dias atirada sem pensar em nada a não ser curtir  meus pais, as festas que nossa turma fazia e, claro, esperar a chegada dos aspirantes, o pessoal do CPOR que vinha fazer estágio no quartel local..
Atualmente, isso soa ridículo mas, em 1981, a novidade servia para quebrar a monotonia dos dias e aquecer o inverno da fronteira, sempre rigoroso.
Eles costumavam chegar em grupos de 10, 12 aspirantes e logo, logo, se enturmavam.
Naquele ano não foi diferente.
Ou melhor, foi.
Para mim, foi.
Estávamos no clube com nossa turma de sempre jogando conversa fora e aquele moreno lindo me olhava, me olhava sem parar.
Perguntei a minha amiga, tô vendo bem, será? claro que eu sabia que sim, mas, aquelas coisas, os ataques de idiotice que a gente tem de vez em quando, até que ele se aproximou, sorridente, e me tirou pra dançar.
Conversa vai, conversa vem, o aspira era de Porto Alegre e, como se não bastasse, éramos praticamente vizinhos, morávamos a duas quadras de distância um do outro, e o destino quis que nos encontrássemos  em Itaqui.
O estágio terminou, ele foi embora e eu ainda fiquei mais 10 dias, esperando o final das férias e, de repente, tudo ficou feio e sem graça e aquele tempo não passava nunca, e eu queria, desesperadamente, voltar pro Portinho para encontrar outra vez aquele morenaço que, além de lindo, parecia ser um cara muito legal.
Voltei no início de agosto e, para minha felicidade, o aspira também estava loucamente apaixonado por mim, e dali engatamos um namoro que durou dois ano e meio e terminou porque eu,  vê se pode, euzinha aqui achei que, bem, estava na hora de terminar.
Às vezes me pego pensando no porquê daquela atitude tresloucada, de ter deixado um amor que era bom, alegre, o aspira era um parceiro e tanto, inteligente, culto, ambos gostávamos das mesmas coisas e nos divertíamos muito juntos.
Foi um tempo de felicidade total.
Em tempos de repensar nas coisas da vida, o fim do namoro com o aspira entrou para minha  lista de mancadas do século!

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