quarta-feira, 2 de abril de 2014

Jurássica

Ontem terminei de assistir a novela - por sinal, muito ruim e, por estar sem sono e pela curiosidade idiota que às vezes me assola ( aiii que tédioooo), decidi ver o final do Big Brodher, programa que não acompanho mas, por aquelas coisas da vida, fiquei sentadita no sofá olhando. 
Olhando o vazio, porque daquilo nada se aprende.
Dormi mal, acordei pior.
Depois de ter visto tanta baixaria, fiquei me sentindo um ser pré histórico, uma pessoa fora do tempo, antiiigaaaa, quadrada (ops, isso já saiu de moda também), totalmente fora do esquadro.
Considero-me uma pessoa normal ( sim, eu sou normal, fiz todos os exames e o médico me afirmou que sou normal)de 52 anos que vive no século 21 - talvez isso eu deva esclarecer a mim mesma, antes de mais nada, tal o meu espanto ao ver tantas cenas dantescas na TV.
Muitos dirão: e porque não desligou?
Pois é.
Creio que foi masoquismo, ou qualquer coisa pelo estilo.
Mas que fiquei chocada, fiquei.
Chocada pela naturalidade com que as pessoas encaram o excesso, a exibição, a falta de vergonha em mostrar, em rede nacional, peitos, bundas e otras cositas más. Em transar banalmente, como se fossem tomar um copo d'água.
Que problema tem mostrar isso? 
Nenhum. 
Todos.
Aquela velha máxima de que o meu direito termina quando começa o do meu vizinho caiu por terra, esfacelou-se, não tem mais isso não.
Vale tudo, pode tudo, e os incomodados que se mudem.
Mudem para onde? Para onde iremos nós, os jurássicos, os antigos que gostamos de música erudita, de silêncio, que ainda somos românticos (cruzes, que palavrão!), que ainda acreditamos em alguma coisa?
Aí também questiono pessoas que colocam suas músicas, geralmente abomináveis a todo volume e sou obrigada a escutar joãozinho e joaninha por horas a fio. Sim, eu tenho uma vontade louca de ir até lá e sampar uma pedrada naquele equipamento, mas puxo o freio de mão e fico quieta ouvindo aquele som horroroso que perturba minha tranquilidade,  porque quero é escutar o som das ondas, do vento, dos pássaros, e me enfiam aquela porcaria goela abaixo. Quando isso acontece,  tenho pensamentos do tipo  "amanhã colocarei a Nona de Beethoven e aí, quero te ver..."
Hoje acordei mal, sentindo-me emparedada por essa avalanche de novos valores que pululam por aí.
Tive vontade de fugir, mas não tive para onde, então busquei refúgio nos braços do meu inseparável amigo: meu livro.
Ahh, foi como chegar a um oásis, é uma bênção poder mergulhar em uma bela e bem escrita história, onde você vê que o autor pesquisou, entende do riscado, domina o assunto.
Desculpa se te magoo, inculto, mas fui criada em meio a livros, música erudita e gente fina, e isso não fez de mim uma pessoa pedante ou metida a besta, não.
Apenas adquiri o que não se compra em farmácia: educação.





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