quarta-feira, 23 de abril de 2014

O Fim do Amor

Quando descobrimos que o amor acabou?
 Foi em um dia qualquer da semana, ou naquele ano em que aconteceram tantas coisas que mudaram tudo, ou,  simplesmente,  a prática reiterada de determinados comportamentos tornou tudo  tão sem sentido que concluímos que ali não existe mais nada, e só nos resta colocar o ponto e virar a página.
Aqui não me refiro somente ao amor entre duas pessoas, mas ao amor que sentimos por pais, irmãos, filhos, amigos, a todos os tipos de amor, a pessoas que são detentoras de nosso afeto. E, justamente por serem sabedoras do amor que por elas nutrimos, acreditam piamente que ele será eterno e que por mais que o pisoteiem, ele seguirá, incólume, em nosso coração.
Ledo engano.
Há tempo para amar, e há tempo para enxergar que o amor que sentíamos terminou.
Amarga decisão, a de deixar aquela pessoa que um dia amamos sair da nossa vida, ir embora. Não no sentido físico, ela até poderá continuar ali perto, ao nosso lado;  poderemos vê-la esporadicamente, não importa.
O que vale é que o fim foi decretado pelo coração e, quando isso acontece,  não tem mais volta.
Quebrou-se o elo.
Somaram-se as incontáveis desavenças e as intermináveis discussões, a crueldade foi se tornando uma constante, os anos foram passando e a mudança de sentimentos, ou a exposição dos verdadeiros motivos que levavam aquela(s) pessoa(s) a ficar perto de você foram aparecendo com uma nitidez impressionante e dolorosa.
E aí, um dia, um belo dia, você diz basta. 
Talvez  a sua decisão tenha levado um mês, um ano, dez anos. Às vezes, a vida toda.
Entretanto, nunca es tarde cuando la dicha es buena, diria minha Mãe.
Por isso, embora seja difícil apartar-se de um amor que terminou, trata-se de uma decisão de vida, de sobrevivência.
Muitas vezes, tentamos enganar a nós mesmos achando, inclusive, que a culpa pelo desfecho desta ou daquela situação é nossa, tal o grau de dependência afetiva que sentimos. O outro, aquele ser idealizado, é perfeito, jamais detentor de maus sentimentos.
Um dia, um belo dia, as máscaras caem e nos deparamos com a realidade e, por mais dura que ela seja, enfrentá-la de frente é preciso, num processo lento e diário de reconstrução.
Coragem, é a palavra que me vem à cabeça.
E, claro, João Guimarães Rosa:
" O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."



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