segunda-feira, 7 de abril de 2014

Rata de Livraria

O primeiro amor de minha vida foi um livro.
Sei que isso soa um tanto quanto bizarro, mas a verdade é que quando, aos 7 anos, meu pai presenteou-me com Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, fiquei irremediavelmente apaixonada por aquele história e ligada para o resto de minha vida à leitura, sem a qual seria como viver pela metade.
Tamanho exagero de sentimentos por um livro?
Sim.
Meu Pai era um leitor voraz, minha Mãe, idem, minhas tias maternas, também, e esse fator criou um verdadeiro circuito de informações sobre os melhores livros, os piores, os que estavam no topo, os que não constavam de lista nenhuma mas eram igualmente bons, e assim por diante.
Tamanha mistura achou em mim terreno fértil, a ponto de trocar livros com minhas tias argentinas que, por sua vez, a cada vinda a Itaqui, chegavam sempre  com um livro em punho, podia ser um romance ou de poesias, mas eram lindos.
Desde que aprendi a ler e a escrever, a leitura fez, faz e continuará fazendo parte de minha vida, um hábito maravilhoso...um hábito não; tornou-se um hábito. O amor pela leitura é um verdadeiro legado que meus Pais e minhas tias maternas me deixaram, tão rico e fantástico que seu valor é incalculável, aliás, não tem preço.
De simples livrinhos infantis que continham cinco, seis páginas, em português ou em espanhol, passando por Robinson Crusoé, as Viagens Fantásticas de Gulliver, Contos de Fadas, As Mil e Uma Noites, Quo Vadis, e assim, até os dias de hoje, perdi a conta dos livros que já tive em mãos, livros que vou lendo e passando adiante para minhas filhas e para meus amigos, porque quero compartilhar com todos o prazer inenarrável de uma boa leitura.
Rata de livraria,  El Ateneo, em Buenos Aires, é programa do qual não abro mão, assim como quando vou a qualquer cidade, acho que as livrarias tem algum tipo de imã que me atrai.
Dificilmente saio de mãos abanando.
Saber que disponho de um livro novinho em folha para ler desperta em mim uma alegria infantil, e começo a leitura com um verdadeiro ritual:  a primeira coisa que faço é abri-lo, cuidadosamente, sentindo o cheiro do livro que ainda não foi tocado ( não pensem que sou uma tarada, cheirando livros) e, acreditem, amigos, o livrito novo tem um cheiro peculiar; a seguir, olho o número de páginas: 400, 500? Menos de 250, classifico como livro pequeno, o que já me causa uma certa pena quando imagino que história será boa; então, olho a primeira página, toda ela, a edição, o ano, o título no idioma do autor, a editora - meu Deus, claro que vocês estão concluindo " esta mulher é louca", passando, finalmente, à leitura propriamente dita. Ahh, esqueci de dizer que leio, antes de nada, a contracapa.
Aí começa minha viagem, que poderá ser alegre ou triste, tediosa ou com aventuras alucinantes, envolvendo os mistérios do amor e do ódio, desbravadora de novas culturas e de outros mundos.
Jamais saio de uma leitura indiferente. Ela sempre me acrescenta algo, seja bom ou ruim, sempre soma, até se for para dizer " mas que porcaria de livro".
Para encerrar, uma sugestão: estou lendo Agente 6, de Tom Rob Smith, uma história que começa em Moscou no ano de 1965 e vai até as montanhas do Afeganistão na década de 1980: queeee livroooo!
E a curiosidade que senti sobre o tema  levou-me a pesquisar sobre as raízes da Revolução Russa,  sobre a invasão do Afeganistão, sobre a Guerra Fria, sobre, sobre, sobre...
Por favor, perdoem-me,  os que não são loucos por livros.
Somente quem é rato de livraria entende...






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