segunda-feira, 31 de março de 2014

Sinal Verde

Aprendi a dirigir aos 12 anos. A "guiar", como dizia meu Pai.
Era moda,  quanto mais cedo aprendesse, tanto melhor.
Aos sábados, o grande programa era ir até a fazenda de meu Avô Atílio para novas aulas, até "firmar" a direção.
Sim senhor, com doze aninhos eu dominava o carro do meu Pai que, na condição de instrutor, ensinou-me todas as manhas e manobras que um carro poderia ter.
Para os padrões atuais, seria algo impensável. Em 1973, era bonito, motivo de orgulho: minha filha mais nova já sabe guiar, ele dizia, exibindo-se para os amigos.
Só que não.
A chave do carro, para que eu pudesse me exibir para as amigas, essa ele não frouxava jamais, segurou até meus 18 anos.
Acredito ser daí  a facilidade que tenho em dirigir e sair pela estrada afora, sozinha, acompanhada, não faz a menor diferença.
 Não sinto medo nem cansaço, apenas alegria, chego a abrir um pouco o vidro pra sentir o vento assoviando. Coisas de interiorana.
Tenho absoluta certeza que, em outra encarnação, fui caminhoneira ou algo do tipo, porque a sensação de felicidade que sinto quando tenho uma estrada pela frente é algo!
Liberdade, liberdade, abre as asas sobre mim, é o que me vem à cabeça.
Por essas e outras, nenhum problema vejo em ir daqui até o Portinho dirigindo, e já fui algumas vezes sozinha, para desgosto do maridão e das filhas, mas fui.
Claro que, antes de sair, concordo com todas as ponderações, baixo a cabeça, ouço, faço cara de sexta feira santa. Por dentro, penso: amanhã de manhã, livre, leve e solta por este mundão de Deus, BR 290, me aguarde.
Saio daqui ao raiar das 8, e vou parar lá adiante, em São Gabriel para, 20 minutos depois, seguir viagem até  Pantano Grande, onde costumo fazer um lanchinho inusitado: dois ovos fritos, um cacetinho e uma Coca Cola de garrafinha. Depois, um cafezinho.
Meus amigos, isso é melhor que muito energético que tem por aí, viu! É um espetáculo!
Partimos para o trecho final - Pantano Grande/Porto Alegre, para o qual reservo meu repertório de sambas, boleros, tangos e outras tantas músicas que vão saindo do fundo do baú, e das quais nem eu mesma lembrava e assim, cantando a plenos pulmões, avisto a Ponte do Guaíba e dou por encerrada mais uma odisseia, onde o sinal verde  foi uma constante, graças a Deus!





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