domingo, 23 de março de 2014

Amor Louco

Você já teve um amor louco?
Aquela paixonite aguda, agudésima, que te faz sentir febril e flutuando e totalmente, tolamente, completamente envolvida pela outra pessoa?
Nada mais há no mundo, somente aquele amor que você conheceu no lugar mais inesperado, num dia absolutamente normal de sua vida, mas que a deixou de cabeça pra baixo. Assim como deixou todas as suas coisas e interesses e pessoas que te cercam em segundo, terceiro e último plano.Nenhum plano. Não há mais plano. A única coisa que existe é a contagem regressiva para o dia a hora em que você vai ver o seu amor. O amor de sua vida, é o que você pensa.
Sim, aquela pessoa, como ela, como aquela, nunca jamais na história de sua vida haverá outra. Nem melhor, nem pior: igual àquela não terá.
É uma delícia, é uma sensação de que sim, o mundo gira apenas em torno de vocês e para vocês dois, e ninguém mais.Tudo é tão intenso, tão mega, tão super, sim, o amor louco é um superlativo que te faz ver o sol muito mais brilhante, o céu muito mais azul, o mar é incrível, as árvores são mais verdes, as flores muito mais coloridas e você passa seus dias rindo à toa, não consegue parar de sorrir porque pensa na suprema ventura de ter encontrado aquele ser fantástico que te eleva aos píncaros da glória.
E foi amor à primeira vista. Você olhou e pá: apaixonou-se irremediavelmente, e sabe que só tem um caminho: caminhar aquela quadra de sua vida, sob pena de sucumbir ao remorso de não ter se permitido  cair em queda livre do décimo andar sem paraquedas, e aí você pensa... não, você não pensa:você se transformou numa imensa palavra,  a palavra SIM.
Seus amigos estão preocupados: nunca viram você nesse estado de agitação, come pouco, dorme menos ainda, arruma-se todo dia como se fosse tomar chá com a Rainha da Inglaterra, e não liga mais pra nada
e nem pra ninguém, só suas razões importam. Afinal, quem manda mesmo na sua vida?
É seu coração, ora bolas. A razão bem que tenta avisá-la: amiga, olha que pular do décimo andar sem paraquedas é brabooo...
E você liga pra isso? Claro que não! A vida é sua, e nenhum tipo de argumento racional ou conselho será capaz de deter o seu salto.
Você sabe, é, lá no fundinho do pingo de razão que lhe resta, você sabe que aquele amor louco não vai ser pra toda vida. Mas não vai messsmooo. Mas porque? Como assim?
Si, es la dura realidad: o amor louco sucumbe ao primeiro choque de realidade, ao primeiro embate, ao primeiro dia de feijão com arroz. Isso pode levar 1 mês, 1 ano, mas a validade dele acaba com o retorno dos lugares comuns que permeiam nossos dias: acabou-se a novidade, terminou a sensação(gloriosa) de pular do décimo andar sem paraquedas, e a rotina dos dias e das noites instalou-se onde antes só havia um tempo: 24 horas, nem você nem ele sabiam se era dia ou se era noite.
A razão te chama de volta, as demandas que fazem parte de tua vida te reclamam, e você precisa voltar. Você vai voltar.
Você volta.
E o amor louco, aquela experiência maravilhosa de dar um salto no escuro vai ficar só na lembrança, daquelas que farão você sorrir sozinha: afinal, é uma história só sua e dele, porque no amor louco, o espaço é bem exíguo, é o amor pelo amor, a paixão pela paixão.
Se você já teve um amor louco, parabéns!
Se ainda não teve um,  e pode ter, tomara que tenha: ele é uma das tantas coisas que faz a vida valer a pena. Se poderia ter tido um e fugiu, que pena: você não imagina, amiga, como é divino jogar-se do décimo andar sem paraquedas!

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