sexta-feira, 21 de março de 2014

Soltando a Barra da Saia.

As horas do dia que mais me agradam são cedinho da manhã( lá pelas 7 ), quando sopra aquela brisinha agitando os arbustos e tudo ainda é quietude, e o final da tarde, quando o Sol vai indo embora, despacito.
Nessas horas sempre estou sozinha, tomando meu mate e pensando na vida.
Minhas filhas saíram daqui para estudar em Porto Alegre há 6 anos.
Nos primeiros tempos achei que fosse ter um treco, aliás, tive um treco quando deixei a Rita e a Marina pela primeira vez, com todo este mundão de Deus pela frente. Quando passei a ponte do Guaíba com destino a Itaqui, chorava tanto que nem sei como consegui dirigir aquele pedaço e, por umas boas duas horas, vinha com uma cara muito, muito feia.
A chegada em casa, a uma casa quase vazia, (por sorte a Karina ainda estava estudando aqui)foi motivo de mais choradeira.
Três anos depois foi a vez da Karina, o meu Galinho.
Aí, sim, que a coisa piorou um pouquinho mais.
Eu me sentia tão perdida, tão sem noção de nada, que só tenho a agradecer aos meus amigos e ao marido, que me aturaram naquela quadra da vida, assim como já me aguentaram em tantas outras empreitadas.
Elas, ao contrário, só tinham coisas novas para vivenciar, muito aprendizado, experiências, crescimento.
Foi uma época complicada na minha vida, falando de forma simples.
Mas passou, como tudo passa.
Hoje, tenho o seguinte quadro:
Minha filha mais velha é Procuradora da Fase(RS), aprovada em concurso público de provas e títulos, a do meio é Engenheira Química na empresa John Deer, e a mais nova faz Nutrição.As gurias se viram mais que bolacha em boca de velho, saem de casa cedíssimo, voltam no fim da tarde e ainda sobra tempo para outros tantos afazeres. Cresceram, são donas de seus próprios narizes, se mantém com o que, por  esforço próprio conquistaram, e continuam estudando e subindo, degrau por degrau, a escada que leva à concretização dos seus sonhos.
Eu, depois de todo esse tempo, aprendi - não sem esforço, não sem uma vontade tremenda de não ficar chorando no cantinho, a fazer um novo desenho de minha vida.
Comecei com um rascunho, e fui indo, e hoje olho para trás e vejo o quanto caminhamos - elas, eu, e concluo que, por mais que a gente sinta, os filhos soltam a barra da nossa saia e saem para escrever sua própria história.
Isso é bom, é muito bom, é sinal que o que tentamos passar pra eles, de algum modo, deu certo. Frutificou.
E aí, quando sentimos isso, também soltamos a barra da saia deles, e (re)começamos.
Mais leves, donas e senhoras de nosso tempo, das músicas que queremos ouvir, do volume da TV bem alto, da casa do jeito que era quando não tínhamos crianças, de poder namorar à vontade, de inventar algo novo.
Minhas filhas amadas do meu coração, a mami poderosa(como vocês dizem) largou do pé de vocês (finalmente) e também vai curtir muito!
Não se surpreendam se, qualquer dia desses, eu for parar num baile funk.
Adoro vocês!!!




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