quinta-feira, 1 de maio de 2014

Ellos Quieren

Sou fã de carteirinha do ator e diretor Ricardo Darín. Como se não bastasse ser un muchacho argentino, o que, por si só, já é garantia de sucesso, o cara é lindo e escandalosamente charmoso, com um olhar de tirar o fôlego, mesmo com aquele nariz um pouco torto, não importa, até porque el hombre es como el oso, cuánto mas feo, mas hermoso!
É, Ricardito é tudo de bom, tanto quanto os filmes que já fez, O Segredo dos Seus Olhos, Un Cuento Chino, Tesis Sobre Un Homicidio, e por aí vai.
O homem argentino, perdoem-me os brasileiros...
Namorei dois argentinos, por supuesto, e nem teria como ser diferente, minha Mãe Maravilha era argentina e tinha do outro lado do Rio Uruguai  - cidade de Alvear, muitas amigas que, por sua vez, tinham filhos, por sinal  muy lindos.
Fato é que eles tem, indiscutivelmente, um charme a mais, não sei se é o cabelo com  aquela melena que costumam jogar para o lado, se é o jeito de falar, os hermanos são galanteadores e educados, dançam bem, sabem como tratar uma mulher.
Namorei um argentino quando tinha dezesseis aninhos - outro amor bom e alegre, meu argentino bailava un chamamé como ninguém, amanhecíamos nos bailes do Club Social de Alvear, o mesmo clube onde, em 1943, meus pais se conheceram e se apaixonaram. Namoramos ano e meio e nunca brigamos, o motivo do fim do namoro foi que eu espichei o olho para...outro argentino.
Ele era da Marinha, tinha 24 anos e era um moreno de parar o trânsito! Passei um dos melhores verões de minha vida e, como sempre digo, meus queridos amigos, quando estamos felizes, tudo fica lindo, até o Alvear, com suas ruas de terra,  a ausência de lugares para diversão, nada disso importava. Estávamos no período de férias, eu, da faculdade, ele, do trabalho. Pegávamos uma chalana e saímos, cedo da manhã, singrando as águas do Rio Uruguai e parávamos numa ilha de pedregulhos e água cristalina, com um cesto de sanduíches, uma térmica com suco de pomelo e nada mais.
E precisava algo mais?
Apenas o céu, o sol, as águas do rio e o vento balançando as folhas das árvores eram nossos companheiros.
À noite, sentávamos na calçada da casa de minha tia Maria Luisa com a mosquitama zunindo a nossa volta, mas nós não prestávamos atenção a isso,  somente víamos o brilho das estrelas e a faceirice da Lua.
Amores lindos, amores bons, amores que recordo com alegria porque somente me trouxeram felicidade.
Minha Mãe, claro, ficava meio de cara comigo, achava que a fila estava andando rápido demais. O que dizer, então,  do meu Pai, o Dr. Edgard? Ele  tinha um chilique por semana e, entre um sermão e outro, perguntava-me: Lia Helena, já mudou de  namorado? De novo?
Pois é.
Parafraseando meu saudoso tio Antônio, irmão de minha mãe que, segundo reza a lenda, teve três noivas ao mesmo tempo, eu respondia, solertemente:
Y que puedo hacer, papá? Ellos quieren...






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