quinta-feira, 22 de maio de 2014

Folha Branca

Tem dias em que as coisas não fluem.
Simplesmente empacam e nada avança, por mais que se tente.
Cedo da tarde havia postado um texto e, para meu desespero, o computador apagou tudo, nada ficou registrado e, por mais que tentasse, incontáveis vezes, resolver o problema, não deu, acho que foi o efeito da ventania da madrugada. 
Fiquei ligando e desligando, reiniciando, voltando, e nada.
E a minha paciência foi terminando.
Terminou.
Saí meio correndo em busca de algumas folhas brancas onde pudesse  escrever porque estava com o texto pronto na cabeça.
Folha branca?
Onde?
Não tinha.
Comecei a marchar pela casa, já meio bufando e resmungando, entre dentes, será possível que terei que escrever, quem sabe, no verso de alguma conta de luz? 
Sem chance.
Meu Deus do céu, pensava, não há frustração maior para um escritor, quando se está com a imaginação a mil, que a de não dispor de um mísero pedaço de papel para poder dar vazão as suas ideias.
É a treva!!!
Vasculhei daqui e dali e, finalmente, achei um caderno velho perdido no fundo de uma gaveta e aí sim, que alívio, poderia escrever, pois de caneta eu dispunha, ao menos isso, então passei a mão naquele pedaço de caderno de arames retorcidos e, sentada no sofá com ele ao colo, escrevi.
E, enquanto escrevia com uma pressa tremenda, não sei a troco de que santo, pensava que viramos escravos da tecnologia e que nem minha máquina de escrever eu possuo mais, pois ela se tornou inservível e obsoleta, nem sei que fim dei a ela, mas que falta me fez naquela hora.
Por sorte, papel e caneta salvaram a pátria e brecaram o ataque histérico que estava na iminência de eclodir, algo como uma onda imensa avançando dentro de mim,  detida a tempo pelas folhas do caderno velho.
Amanhã, sem falta, comprarei um pacote de folhas, vai que a rede emperra outra vez e me deixa a ver navios, e isso não pode acontecer,  nem pensar!
Talvez traga de volta, também, minha velha máquina de escrever, que deve estar jogada em algum canto, perdida, empoeirada e na maior depressão por ter sido deixada de lado...quem sabe.
De toda a função, restou-me um consolo: a minha "máquina" de fabricar textos, meu amado cérebro, esse funciona, graças a Deus, mesmo com vento forte.
Como diria minha tia Maria Luisa, " hay que luchar contra viento y marea".
Acho que o vento e a maré  não contavam com minha astúcia!

Nenhum comentário:

Postar um comentário