sábado, 17 de maio de 2014

Stop, Salgadinho!

Creio que uma das questões mais difíceis para um profissional é saber a hora de parar, o momento de encerrar a sessão e sair de cena.
O ideal seria uma saída honrosa, penso eu, quando se está no auge, chegou-se ao ápice e, então, pá: deu pra ti, parei e vou tomar outro rumo, antes que a coisa descambe, degringole e a pessoa que antes era tida como uma grande na história passe a ser lembrado com irritação ou  leve o crédito de patético,  Deus nos acuda duma coisa dessas!
Tenho pensando nisso cada vez que assisto a novela das 9 e, antes que venham me crucificar, é o seguinte: adoro novelas, sim senhor. Sento-me na frente da TV com meu lanchinho e fico curtindo cada cena, cada capítulo, presto atenção na trilha sonora e naquelas coisas que todo mundo vê: o brinco de uma, o esmalte da outra, é, nem venham me dizer que não notaram o esmalte da Giovana Antonelli, um azulão mediterrâneo ... só que o assunto não é esse.
A hora de deixar de fazer o que sempre se fez durante anos é, deveras, um momento difícil.
Arrisco-me a dizer que não acontece de uma hora para outra, é um lento processo que começa e vai num creccendo, até chegar ao ponto máximo.
E qual é o ponto?
Diria que é, exatamente, a falta de ponto, de compasso, de jeito.
Explico-me.
Um grande escritor, por exemplo, deveria escrever,  sempre,  por prazer e por inspiração, não porque a editora obriga ou porque há tempos não escreve nada e, para agradar à pressão dos leitores, lança um livro meia boca; se isso acontecer, a história será um desastre.
Assim vejo a trama das 9 do Manoel Carlos, um novelista de fez tantas novelas bacanas e agora, em sua última novela, como vem sendo largamente noticiado, apresenta uma coisa sem pé nem cabeça que não empolga e, não raro, enoja.
Enoja ver a história da filha aos beijos com o amor que foi de sua mãe e, pior ainda, com o cara que tentou matar seu pai.
Isso não é novela, é uma boa merde, não tem como assistir algo assim.
Falta imaginação ao autor, falta tudo!
Aí volto a repetir: quando os sinais de stop começam a aparecer na sua vida, obedeça-os.
Uma coisa é continuar ativo, outra muito diferente é tentar transpor certos obstáculos que ...pois é, a fila andou, não dá, você não tem mais folego para certas empreitadas, embora possua tempo e disposição para começar  tantas outras.
Reconhecer os avisos luminosos é sinal de que conseguimos aprender alguma coisa ao longo do tempo, e que o excesso de vaidade não conseguiu sufocar a sabedoria que existe dentro de cada um de nós.





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