terça-feira, 3 de junho de 2014

A Bota Marrom

Andava eu lépida e faceira pelo Portinho e, como é meu costume, quando posso e dá tempo, marco um horário no salão a fim de retocar a beleza.
Não liguem, amigos queridos, é como eu digo, são os efeitos da alegria, graças a Deus.
Para lá me dirigi, feliz que nem pinto no lixo, pois como até a torcida do Flamengo sabe, sou doida por uma tarde num salão, ainda mais quando me conhecem.
Ia fazer de tudo um pouco, rematando com a pedicure, e assim foi.
Tudo pronto, lindo e achado conforme, e eu já querendo sair, porque geminiano é assim mesmo, antes, tá louco pra ir, depois que chega e se passa algum tempo, tá muito a fim de ir embora.
Vamos calçar as botas? perguntou minha amiga pedicure.
A minha bota marrom é um daqueles casos clássicos de compra apressada, ou seja, um dia a gente amanhece querendo uma bota marrom, e sai, procura, procura e não acha, encontra uma que não é exatamente o que você deseja, mas, não tem tu vai tu mesmo, enfim, a bota não tem fecho e não me perguntem como é que ela entra, é necessário um certo esforço que ela vai.
Certamente,  em algum determinando momento o fruto de uma compra apurada não vai funcionar, e a dona bota resolveu que seria naquele dia, num salão de beleza da capital completamente lotado, num sábado à tarde.
O pé esquerdo entrou normalmente.
E o direito emperrou.
Trancou.
O calcanhar não passava, de jeito nenhum.
Risinho amarelo e nervoso, que estranho, porque será que não tá entrando, e a pedicure, tenta outra vez, uma, duas,  três, quem sabe sem a meia, tira a meia, e nada.
A estas alturas, metade do salão tinha parado para olhar a fuzarca da bota que não entrava no pé direito e eu, no auge de minha menopausa que já está durando uns 100 anos,  comecei a suar.
Suava, e tentava, e nada.
O desespero começou a bater, como eu ia sair dali com um pé calçado e outro descalço? Alguma religião nova?
Mas que mico, meu Deus do céu.
A pedicure e mais uma outra falaram, talco, bota talco.
Talco! É o fim da picada!
Foi a salvação da lavoura, aliás, da situação tragicômica.
A bota entrou, finalmente, e dali saí com cara de tacho, com uma vergonha e num vermelhão e suando, mas que inferno aquela bota, odeio esta bota, nunca mais uso esta porcaria, preciso de um café bem forte, talvez sinta mais calor ainda mas azar do guarda, preciso de algo que me deixe no prumo novamente.
Rumei para um café e pedi um expresso, que tomei de um gole só, não sem pensar que podia ter ficado sem essa; enquanto isso, o pé direito,  bem campante, sem meia, soltito dentro da bota, parecia debochar de mim.
Deixei a bota no Portinho, botei pra descansar...estamos de relações cortadas, isso que ela me aprontou não se faz nem pra cachorro!
Tão cedo ela não me pega!





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