sábado, 7 de junho de 2014

Os Ruídos da Cidade

O sábado estava lindo, e a temperatura cálida, convidava a uma caminhada.
Saí de casa para  ficar uma hora do meu dia sozinha comigo mesma e com minhas circunstâncias, mas nem tinha chegado à esquina do parque quando ouvi os primeiros acordes de um conjunto que se preparava para uma jornada musical que começaria às 14 horas - e recém eram 11 horas.
A movimentação de carros e pessoas era grande, além do som, altíssimo, que vinha do palco montado do outro lado da rua.
Ali não teria como caminhar, pensei, por isso segui  rua afora e, confesso a vocês, continuei por que sou insistente.
Queria caminhar, caminharia.
Mas que deu vontade de desistir, isso deu.
As tradicionais músicas de joãozinho e mariazinha, bentinho e manuelzinho, tico e teco, purgante de óleo e chatonildo, burraldo e chato de galocha estão em todos os lugares.
Que coisa! Será que sou a única que acho essa prática de enfiar música ouvido abaixo uma aberração?
Serpentando por entre pessoas carregadas de sacolas de supermercado e de lojas, motos andando bem acima do limite de velocidade permitido e com aquele insuportável som vrrrrrrruuuuummm, não sei qual é a graça disso, mas tudo bem, vamos indo, e a barulheira continuou, carros com propaganda de eventos, mais motos, carros estacionados com o som ligado a todo volume, ou passando com um som tão alto que fazia tremer as lajotas da calçada.
Continuei, não sem indagar a mim mesma: estará por eclodir alguma guerra e não fui avisada?
Andei até chegar às margens do Rio Uruguai.
Que alívio!
Quanta paz, quanto silêncio! Na Praça do Porto não tinha quase ninguém, apenas  alguns mateadores solitários observavam o vai e vem das águas, dois cachorros rolavam na grama, e o canto longínquo de um galo era a única música que tocava.
Que espetáculo!
Majestoso, é o Rio Uruguai! Imponente, dita seu curso e não faz nenhum alarde.
Na mesma hora, lembrei de um amigo querido que mora na praia e morri de inveja - branca - dele, sortudo que escuta apenas o murmúrio do mar.
Não pude deixar de pensar no quão barulhentas se tornaram as cidades,  e de como as pessoas tem pressa em andar, em chegar, em escutar um som a todo volume, em gritar.
Pensei muito durante minha caminhada, da qual cheguei com uma dor de cabeça infernal, daquelas que só se cura com muito silêncio.
Silêncio?
Não tem.
Esse artigo está em extinção!







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