quinta-feira, 5 de junho de 2014

Amor de Primo

Quem nunca curtiu uma paixão por um primo, ou prima, que atire a primeira pedra.
Sei...
É.
Eu tinha uns 17 anos e minha Mãe maravilha, que adorava uma junção de parentes, enquanto que meu pai detestava, alugou uma casa em Capão da Canoa para todo o mês de janeiro. Éramos  em torno de 15 pessoas, mais ou menos, inclusive o primo, que eu nunca tinha visto nem mais gordo nem mais magro, pois era fruto do casamento anterior de meu tio e, justo naquele veraneio, resolveu dar o ar de sua graça.
E que graça, põe graça nisso!
O cara, com uns 34, 35 anos era moreno, alto, bonito, sensual e extremamente alegre, bem humorado, tinha um sorriso lindo.
Só com este último quesito já levaria todas as fichas mas, não fosse suficiente a coleção de atributos, era argentino.
Argentinoooo!
Mas que show era ver aquela melena caindo sobre a testa, o ar meio debochado e poder ouvir o muchacho hablando en español, por supuesto.
Eu vi aquele parente chegar e fiquei embasbacada com tanto charme, e ele também ficou de queixo caído por la prima, sim senhor.
Ou, como ele dizia, mi primita, que divina que sos!
Jesus, Maria e José, acudam-me!
Nós dois sabíamos, claro, que nada poderia ser feito em relação àquele encantamento mútuo, só que não tinha jeito, aonde eu ia , ele ia, onde eu estava, ele estava.
Que inferno, por que todo aquele material tinha que pertencer justamente a um primo?
A família se reunia para almoçar, ir até o mar, jogar cartas, e nós dois ali, tipo  mosca em volta do pote de mel, não sei quem seria a mosca ou quem seria o mel, fato é que parecia que tínhamos uma espécie de imã.
Minha tia Maria Luisa se flagrou da coisa toda, me puxou a um canto e disse, " ni se te ocurra hacer nada, que le pasa a ustedes dos?"
Bom, como é que eu poderia saber o que se passava comigo? A paixão não tem explicação lógica, fim de linha.
Foi um mês de janeiro fantástico, todos os dias foram de sol, de praia e de muita alegria e diversão, mas a melhor lembrança daquelas férias foi o amor enlouquecido que nutri pelo primo e, que tenho certeza, fui também correspondida.
Jamais falamos uma palavra sobre o assunto e nem precisava, porque através dos olhares dissemos tudo.
Os olhos falam, e como!
No último dia, nos abraçamos longamente, um abraço cheio de despedidas e saudade daquilo que não vivemos e que nunca iríamos viver.
Nunca mais tornei a vê-lo, e nem fiz questão.
Não dava, não daria,  não deu.
Corta.
Fim.





Um comentário:

  1. Oi Lia! Essa postagem me reportou à saudosas tardes no casarão,na tua salinha onde ficávamos ouvindo "disco" e conversando por horas ! Numa tarde dessas,ouvi essa história contada com detalhes por ti,toda encantada pelo tal primo! E viva os anos de inocência! Beijão amiga!

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