sábado, 14 de junho de 2014

Squadra Azzurra

Nem só pela  Argentina bate este coração.
Lembro-me bem que meu avô paterno, Atílio, torcia enlouquecidamente pela Itália, a toda certeza recordando seu país de origem, de onde saiu, rumo a América no final do século IX a bordo de um navio onde passou " las de Caim", como diria minha Mãe, mas isto será objeto de outra postagem, que o assunto hoje é Copa do Mundo e nem poderia ser diferente.
Por mais que tenhamos votado contra, da aberração dos gastos astronômicos, somos traídos pelo sentimento de nacionalidade, que faz o coração da gente vibrar e  não tem escapatória.
Mas o que eu queria referir é que essa animação toda em copas do mundo vem de família, tanto pelo lado materno, onde los argentinos eram loucos por el fútbol, quanto pela turma dos italianos, a família do meu Pai.
O Avô Atílio, na condição de chefe supremo, fazia questão de reunir  todos na sala de jantar de sua casa, que era, simplesmente, enorme, vinte pessoas sentavam-se, comodamente,  e ninguém ficava sem espaço.
Meu Avô era um homem alto, cuja força e o poder concentravam-se  no olhar.
Foi embora em 1972, mas deixou um legado de amor pela Itália que nenhum de seus descendentes esqueceria.
E lá estávamos nós, olhando o jogo da Copa do Mundo de 1982, salvo meus avós: eram seus  filhos, nora e netos, como seria do seu gosto.
Minha tia Alba, que comandava a casa desde que minha avó Mathilde fora embora mandara preparar um sem fim de iguarias, acho que argentinos e italianos descontam o nervosismo comendo.
Comendo e gritando.
De vez em quando, rolava um tabefe em alguém, ou um palavrão.
Sentiu a função que um grupo de 20 italianos, uma argentina e seus filhos conseguiam produzir?
Ficou surdo?
Levemente tonto?
Normal, a gritaria beirava o insano.
Quando da vitória da Itália, nós nos abraçamos, choramos juntos de alegria e esvaziamos todas as garrafas de vinho, todos as travessas de comida e meu tio Carlos Alberto deu a senha: abre o champanhe mais caro da adega, a saúde de " la nostra Itália!"
E assim dançamos, como uma penca de loucos por um bom par de horas, com todas as luzes da casa acesas, numa iluminação feérica.
Uma justa homenagem ao Avô Atílio que, se ali estivesse, estaria sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas, e a Squadra Azzurra, simplesmente espetacular!





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