quarta-feira, 11 de junho de 2014

Portas Entreabertas

Não há, neste mundo, nada mais cruel que uma porta fechada, batida assim, sem mais nem menos na sua cara, no seu nariz.
Dependendo da porta, atinge diretamente seu coração.
É um coice no estômago, tira todo o rumo, o prumo e a direção de quem está do outro lado.
Há 11 anos, experimentei essa sensação tremenda.
Fazia uma semana que minha Mãe tinha ido embora quando passei pela suprema amargura não poder entrar na casa de meus Pais, na casa que até alguns dias havia sido minha.
Não houve dor maior, depois da perda, que a de ver a porta da casa paterna fechada e trancada à chave.
Bloqueada.
Mas, é bom que se diga, para mim.
Apenas para mim.
Essa é uma lembrança que carregarei para o resto dos meus dias e não pretendo esquecê-la.
Não quero.
Perdoar não significa esquecer.
E tem coisas nesta vida que, embora dolorosas, não podemos perder de vista, mesmo que fiquem ali, guardadas a um canto da mente, porque deixar de lado as barbáries a que nos submetem gratuitamente é o mesmo que esbofetear a nós mesmos, e isso é algo que não se pode permitir.
Entretanto, a porta fechada sempre deixa uma fresta por onde escapa uma nesga de luz.
Sempre.
Mesmo que não consigamos enxergar a luminosidade, cegos que estamos pela dor, ela se mantém ali, constante, até que um dia, um belo dia, vemos.
Vemos uma outra porta entreaberta e, a partir dali, a claridade recomeça a ser, novamente, uma constante em nossas vidas.
É bem verdade o ditado que diz que Deus fecha uma porta e abre uma janela.
No meu caso, Ele me disse:
" Apesar da porta que te foi fechada, dar-te-ei tantas outras, para que possas abri-las, porque te fiz capaz".
Desde aquele dia infausto, reabrem-se, em minha vida, inúmeras portas.
Diariamente.
A força que faz com que vençamos a dor e olhemos para o interior da porta entreaberta é a mesma que nos mantém vivos.
A energia que nos leva a abri-la para ver a luz é Deus.





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