segunda-feira, 14 de julho de 2014

Certidão de Casamento

Que dias tenho vivido!
Hoje me tocou retirar a Certidão de Casamento de meus Pais.
Tudo calmo até aí, não fosse pelo fato de que ambos casaram na Argentina, em 1945 e, depois de vários trâmites, conseguiram fazer valer aquele ato aqui no Brasil.
Três páginas, o conteúdo da certidão que me fez viajar para um tempo em que eu ainda não existia, apenas o conheço porque Mãe contava, com riqueza de detalhes e olhos iluminados por um amor que nunca terminou, o venturoso dia de seu casamento.
Foi na cidade de Alvear, no dia 8 de setembro do já citado ano, as 11 da manhã de uma sexta feira.
Fico a imaginar minha Mãe, que era e sempre foi linda, com seus olhos castanho escuros brilhantes como duas estrelinhas, o nariz reto, o sorriso estampado no rosto, os dentes parelhos e branquinhos como pérolas, de braço com meu Avô materno, Antônio( que não conheci)entrando na  pequena Iglesia Matriz de Alvear repleta de amigos e parentes, ela deveria estar belíssima em seu vestido de noiva, trazido de Buenos Aires, com aplicações de renda, cetim e seda, um anjo, um espetáculo de jovem mulher, com seus 23 anos.
Meu Pai, um moreno lindo de olhos esverdeados,  esperava sua amada no altar,  num terno de linho branco, gravata borboleta e sapatos tão lustrosos como um espelho, a toda certeza, nervoso e suando, apesar do cálido dia de sol que fazia.
Um coro cantava, ao som do órgão( que existe até hoje) as tradicionais músicas de casamento.
Depois da cerimônia, o casamento civil, na sacristia e, logo após, uma festança de arromba oferecida por meus Avós en el Club Social de Alvear.
Em tudo isso pensei quando tive em mãos a certidão.
E uma saudade avassaladora abateu-se sobre mim, quando me dei conta, estava chorando dentro do carro, segurando aquelas páginas que certificavam um momento lindo vivido pelos dois.
Meus dois amores.
Senti uma vontade louca de ir até a casa deles, que agora não me pertence mais, abrir o portão e entrar cozinha adentro,  encontrá-los, abraçá-los, sentar para tomarmos um mate.
São 11 anos longe.
Sem ver, sem tocar, sem ouvir suas vozes, apenas em sonhos, mas os sonhos são tão fugazes...
Acho que foi a derrota da Argentina que me deixou  nostálgica,  sy los hermanos tivessem ganho, hoje o papo era outro.
Claro que não.
Essa saudade eu vou carregar sempre no meu coração, alguns dias com mais intensidade, em outros,   com menos.
E, como diz o Cazuza, O Tempo Não Pára.
Ainda bem!

Desejo a todos uma semana maravilhosa!

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