quinta-feira, 24 de julho de 2014

Limão Azedo.

Ele ainda é um homem bonito.
Lindo, poderíamos dizer, do alto de seus 65 anos.
Fora um morenaço em sua juventude, aquele tipo de cara com quem todas as meninas sonhavam, queriam namorar, noivar e casar.
Inteligente, bem nascido, curso superior, muito bem empregado, ganhava uma nota preta.
Tinha o carro do ano e, nas férias, ia para Cancún, pois refrescar-se nas águas do mar do Caribe era a pedida.
Excelente família, bela casa, pais amorosos, irmãos, idem.
Mas, havia um porém.
Sempre tem um porém...
O mau humor.
O gênio era, e é,  atroz.
Sempre gritando com as pessoas e tratando-as com arrogância.
E, digam-me, em sã consciência, quem suporta uma pessoa arrogante?
Pois ele era assim, ao tempo em que ainda convivíamos.
Impunha sua presença aos gritos, com um olhar por vezes tão duro que aos mortais nada mais restava, a não ser baixar a crista e sair de fininho.
E ele ficava lá, com sua empáfia, muito bem instalado na poltrona importada de seu escritório, observando o tamanho do estrago.
O mau humor e a prepotência beiravam às raias da estupidez, e assim ele agia, de modo permanente.
Nada estava bem, nada era bom o suficiente para satisfazer, bem, satisfazer não é a palavra adequada, certo mesmo seria dizer, nada nunca era suficiente para deixá-lo feliz
Leve.
Pergunto-me onde, em que parte do caminho, o meu amigo perdeu a alegria e o savoir vivre?
Lástima grande é que o mau humor colou de tal forma em seu modo de ser que  faz parte dele, e a tal ponto que poder-se-ia defini-lo assim: o sujeito é um limão azedo.
Como Deus é infinitamente bom e justo, para minha felicidade, essa criatura mora bem longe de mim e raríssimas vezes falo com ele, salvo extrema necessidade.
Como foi o caso, hoje.
O fel vertia pelo telefone e eu, após ter desligado, deixei cair algumas lágrimas.
E  por que chorava eu?
De pena!



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