quarta-feira, 16 de julho de 2014

Correntinos

Com o final da Copa e a vitória da Alemanha sobre a Argentina, pululam contra os hermanos grosserias de todo tipo nas redes sociais.
Ninguém se lembra de nada sobre a Argentina e seu povo, apenas referem que os alemães deram show de simpatia, construíram sede, deram um cheque de 10 mil euros aos índios, etc, etc...
Tirando noves fora zero o fato de eu não simpatizar com os alegres alemães, aliás, até vou mandar um mail pra Fifa e sugerir que na próxima Copa do Mundo também outorguem o Troféu Seleção Simpatia...ficaria tão meigo, não?, o que realmente me incomoda é o ataque sistemático contra os argentinos.
Evidentemente, o time da Alemanha era melhor, isso não se discute.
Um futebol bonito de se ver, ganhou merecidamente.
Entretanto, confesso que nem eu, moradora da Fronteira, imaginava que boa parcela do povo nutrisse uma raiva assim tão grande contra nossos vizinhos, raiva esta muito bem escondida num cantinho escuro do armário,  até que veio  a chance de deixá-la sair,  e a derrota da Argentina no jogo de domingo foi a senha que abriu a porteira pra botar pra fora todo o nojo que sentem.
Que coisa feia!
As ofensas começam quando se referem aos argentinos como correntinos, o que demonstra uma ignorância tão grande quanto a bronca que expressam na expressão pejorativa.
Correntino, na verdade, é a pessoa que nasceu na Província de Corrientes, assim como nós, nascidos no Rio Grande do Sul somos gaúchos, os nascidos no Rio de Janeiro são Cariocas, e assim vai.
Portanto, quando as pessoas falam esses correntinos pensando que ofendem os argentinos estão redondamente enganadas.
Seria o mesmo que dizer esse gaúchos, referindo-se ao povo brasileiro.
Tudo isto seria apenas conversa jogada fora, não fosse um fato que aconteceu ontem, em plena Berlim: o time alemão, dançando sobre um palco, abaixava-se e cantava, numa língua incompreensível, gâúcthos, referindo-se aos argentinos; depois, levantavam-se e, erguendo os braços, diziam, não, nós somos alemães!
Ali, com aquele gesto horroroso e nojento,  terminou a simpatia e todos mostraram bem a cara.
Que, diga-se de passagem,  nunca me enganou!







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