quinta-feira, 31 de julho de 2014

Viagens de Trem

Viajar é uma delícia, e quando vou de trem, melhor ainda.
Um espetáculo!
Tenho o espírito de viajante e herdei de minha Mãe Maravilha, que sabia de tudo, o gosto por uma boa viagem.
Só o fato de quebrar o circuito a que estamos acostumados e sair já vale o esforço de arrumar tudo, bater a porta y tchau, Perico!
Desligar-se.
Melhor ainda se levar o mínimo, fica  mais divertido, a gente se vira com aquela roupa,   improvisa e põe a imaginação para funcionar.
Minha Mãe e eu viajamos muito juntas, e  nossa parceria funcionava divinamente.
Tinha uma tia que morava na cidade de Concordia, Província de Entre Rios, e para lá íamos de trem.
Uma aventura e tanto!
Saindo de Itaqui na última lancha para atravessar o Rio Uruguai até a outra margem, onde fica Alvear, esperávamos até as 22 horas o trem que saía diariamente com destino a Buenos Aires ( para onde também fomos várias vezes)e chegava em Concordia às 7 da manhã.
Aquele trem, que era enorme, tinha diversos tipos de acomodações: simples, o que equivale a uma poltrona de ônibus, executivo - somente um único vagão com poltronas estofadas e imensas, e o carro leito, com cabines onde havia um beliche, uma mesinha de canto e uma pia.
Aquelas viagens costumavam ser maravilhosas, nós entrávamos e, após acomodar a bagagem de mão, íamos até o vagão restaurante, para cenar. Havia diversas opções de pratos, com carne, com  frango, e a indefectível ensalada rusa, uma delícia!
Após a janta, voltávamos aos nossos lugares e logo, logo, estávamos dormindo, pois àquele balanço suave do trem, aliado ao som, não tem cristão que resista.
Acordávamos às 6, 6:30, e tomávamos um excelente café e, mais meia hora, avistávamos a estação de Concordia, linda, antiga mas muito bem cuidada, e minha tia Albita, parada na plataforma, com as chaves do carro na mão, observando ansiosamente as janelas dos vagões que se aproximavam.
Saudade imensa sinto dessa minha Tia tão amada, que nos recebia naquela fantástica casa que possuía,  a três quadras da praça de Concordia, um casarão de cinema, de tão lindo que era!
Amavam-se tanto, ela e minha Mãe, que não paravam 1 minuto sequer da falar, de rir, de trocar abraços.
Domingo era o dia de voltar e, no mesmo horário - 22 horas, lá estávamos outra vez, eu e a Mãe, esperando o trem que nos traria para Alvear; abria o Porto, e vínhamos para Itaqui.
Quando estive na Europa  também andei de trem, subi em Frankfurt e desci numa cidade do interior da Alemanha.
Não foi a mesma coisa, pois ele andava tão rápido que não se podia ver a paisagem, que era apenas um borrão verde. Fiquei tonta e, quando desci, não me senti nada bem.
Já fui de trem de Uruguaiana a Porto Alegre, acreditem! Que viagem!
O trem me fascina, os ruídos, os vagões, os trilhos e, claro, a paisagem.
Sem pressa, sem estresse, sem empurrões ou passageiros mal humorados.
Afinal, estamos viajando, e é aí que está a graça de uma viagem: acrescentar bons momentos à vida da gente.






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