quarta-feira, 30 de julho de 2014

Fotografias

Sou apaixonada por fotografia!
O ato de fotografar capta o momento, a emoção, a expressão, a luz e, dependendo da foto, dá até para sentir o cheiro do perfume, das flores, das iguarias, o cheiro fétido, a falta de tudo, o vazio.
Lembrei-me disso quando ontem, no Caderno Viagem de ZH, vi a foto de uma pessoa parada na calçada do Moulin Rouge, sorridente e feliz, como se costuma estar em Paris.
Tem até uma piadinha velha que diz o seguinte: dinheiro não traz felicidade, por isso, decidi ser infeliz em Paris...
Fotografias,  tenho-as aos montes, centenas delas, desde o dia em que completei 1 aninho onde, apesar de ser preta e branca, a foto retrata à perfeição o sorriso de minha Mãe, a alegria de meu Pai, o bolo em formato de piano, os doces, os presentes e os convidados.
Belíssima foto, tão linda quanto a que tenho com meu irmão Caito, às margens do Rio Uruguai, aos 2 anos, igualmente preta e branca, mas de uma expressividade enorme.
Tenho fotos de todos os momentos importantes da minha vida e com as pessoas que amo, ou que um dia amei e com quem não convivo mais, mas elas estão lá.
Registro, esse é o nome.
A feição e olhar de cada um, naquele dia, naquela hora, não deixa dúvidas sobre o sentimento que estava dentro do coração.
São tantas as fotos que tenho que, num dia qualquer, quando decido vê-las, misturam-se as emoções, pois ali estão, fielmente retratados família, amigos, amores, colegas, viagens, paisagens.
Um verdadeiro passeio pelo tempo.
Em suma, momentos únicos.
Por isso, ao ver a foto daquela mulher sorridente, em frente ao Moulin Rouge, não pude deixar de lembrar que, há muitos anos, quando fui a Europa pela primeira vez, posei nesse mesmo local e, depois de revelada, minha foto ficou tão parecida com a que vi no jornal de ontem que lembrei, não sem uma ponta de raiva, de um fato que me aconteceu.
Ninguém tem o direito de roubar nossas fotos.
Ninguém!
As fotos fazem parte da vida da gente, e a ninguém é dado ficar com o que não lhe pertence.
Relato isto porque, 4 anos depois daquela viagem, durante uma mudança, meus dois álbuns de fotos e um diário de viagem - um caderno pequeno de capa laranja que comprei tão logo cheguei a Lisboa, onde escrevi tudo, tudinho - um tesouro, na verdade, sumiram do mapa.
Evidentemente, alguém surrupiou meus álbuns e meu caderno, disso, tenho absoluta certeza.
E para que?
Quem ficou com minhas lembranças sabia muito bem que elas me pertenciam, pois estava escrito, tanto nos dois álbuns quanto no caderno, meu nome e sobrenome.
Então, daquela viagem de dois meses pela Europa, ficaram somente as lembranças.
Uma pena, mas não para mim.
Tenho é lástima de alguém que deveria ser  tão pobre e miserável,  que precisava roubar as  fotos dos outros para sentir, quem sabe, um pouco de prazer.
Hay de todo en la viña del Senõr!

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