segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Chorar É Para Os Fortes

Depois de uma gripe que me deixou fora de combate por uma semana, estou voltando para fazer uma das coisas que mais me dão prazer na vida: escrever.
Desde quarta feira, dia 6 - data da última postagem, fiquei meio que à deriva, cercada por uma bruma densa que não me permitia chegar perto de nada que me obrigasse a focar os olhos, simplesmente não conseguia, tal a dor de cabeça.
Fazia anos que eu não sentia algo de tamanha envergadura.
E, não por acaso, esse fato - a gripe, surgiu na véspera do aniversário de meu Pai e no exato dia da assinatura de importantes documentos.
Papéis, tão somente.
Que nada!
Tal documentação foi meu Grito do Ipiranga, o desate definitivo de laços que me uniram, por mais de dez anos, a um passado que me aprisionava e que, incontáveis vezes, serviu para colocar em xeque meu próprio eu.
Sim, durante esse tempo perdi a conta das vezes que me questionei, outras tantas que me culpei, e várias, muitas, que judiei de mim mesma, permitindo que outros falassem por mim, tentando alterar minhas estruturas internas, aquilo que se constrói dia após dia durante toda nossa vida.
Então, findo o processo de açoites sentimentais, nada mais me restou que cair, prostrada.
E não pensem, meus queridos amigos, que me envergonho disto.
Sinto, na verdade, orgulho de minha natureza, tão humana e simples como a de tantos, pois não sou, nunca fui de ferro, e sucumbir, ao menos por seis dias, foi um mal necessário.
Nesse tempo, enxerguei todos os fantasmas que me atormentaram por longo período, abri as portas de minha alma para eles, conversamos e debatemos longamente.
Acamada, com um febrão de 39°, delirei e escutei todas as vozes que me assombraram, as pseudo verdades que construí a partir delas, as premissas iguais a um castelo de areia, que jamais se sustentaram, embora eu, em meus desatinos, cheguei, em determinado ponto, a acreditar nelas.
Dei-me ao luxo de simplesmente chorar sem motivo, ou por todos os motivos.
Mas poder dar vazão a tantos sentimentos, embora doloroso, é um processo libertador.
Paga-se um alto preço pela liberdade, e se engana redondamente quem pensa que ela vem assim, como uma brisa de primavera e está ali, disponível, ao alcance de nossas mãos.
Uns mais, outros menos, a verdade é que sempre precisaremos lutar para manter, intactos dentro de nós, os afetos, os valores, aquilo em que acreditamos.
Em suma, lutar para manter o que vem a ser nossa própria essência, aquilo de que somos feitos, e essa luta vale a pena!
Ou, como diz o poema de Gonçalves Dias
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
é luta renhida:
viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os forte, os bravos
Só pode exaltar.

Uma ótima semana a todos!



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