sábado, 16 de agosto de 2014

Costurando Afeto

A minha Mãe Maravilha adorava uma costureira, e não se contentava somente com uma, tinha várias.
Uma para costuras mais simples, como fazer a barra ou passar uma toalha de mesa ou de banho na máquina.
Outra, para seus bordados, e como lembro da Dona Dair, que morava a meia quadra de nossa casa e bordava divinamente! A Dona Dair ficava conversando com minha Mãe,  e eu saía pára brincar com a Regina, sua filha, com quem tenho amizade até hoje.
Dona Teresa fazia meus vestidos de criança, mas também fazia uns bolinhos de arroz divinos, com os quais sempre me convidava. Morava numa casa que tinha um portão de ferro que, ao abrir, transformava-se num balanço, não sei como, mas era algo que me fascinava, aquele portão da casa da Dona Teresa.
Tinha a Mamita, que costurou durante muitos anos tanto para minha Mãe quanto para mim e, com ela, a Mãe tinha uma relação de amor e ódio, porque a Mamita marcava um horário para experimentar a roupa e, quando chegávamos lá, ela saía à porta e falava, sorridente, com uma calma tremenda: desculpe, dona Kila, a senhora vai ter que vir mais tarde, ainda não aprontei, tô com muitas costuras.
Minha Mãe concordava e voltávamos para casa, de mãos dadas, eu deveria ter meus 10, 11 anos, e ela resmungava baixinho, bem baixinho: esa mujer me revienta!
Mas ninguém costurava como a Mamita, que sabia fazer qualquer coisa com um pedaço de tecido, agulha e linha! Então, minha Mãe resmungava mas tinha adoração pela Mamita.
Anos mais tarde, Mamita diminuiu o ritmo e surgiu em nossas vidas a Tuia, que também morava perto de casa.
A Tuia, pessoa maravilhosa, alegre, sempre sorrindo, não tinha tempo ruim com a Tuia, fabricou tantos vestidos para minha Mãe e para mim que até perdi a conta e, muito anos depois, também costurou para minhas filhas, uniformes para a Banda da escola, fantasias para apresentações do balé, fantasias para o bloco de Carnaval, e por aí vai.
E como não lembrar da Dona Valmira? Dona Valmira, com sua casa enfeitada e cheia de flores.
A dona Valmira fez meu enxoval, vários, muitos modelitos para usar na lua de mel, e depois dela.
Vestidos lindos, perfeitos.
Também fez muitas roupas para minhas filhas, muitas.
Cheguei em minha amiga Valdeci, a Vade, que amo muito, embora nos vejamos só de vez em quando, mas a Valdeci também é uma artista quando de se trata de agulha, linha e combinações, ela sabe tudo, tudinhoooo.
É sempre uma felicidade ir até sua casa, de uma astral tão bom, cheia de plantas, colorida, alegre,  ela abre a porta com aquele sorrisão no rosto e a cuia na mão.
Com tantas facilidades para comprar roupas prontas,  acabamos deixando um pouco de lado nossas amigas costureiras, que sempre nos socorrem quando aquele vestido que parecia tão lindo não ficou tão bem assim.
O tempo passa,  mas as relações costuradas com carinho e afeto continuam.
Prova disso é que hoje, após o almoço, reencontrei minha amiga Tuia e nos abraçamos longamente, repetidas vezes.
Lá pelas tantas, ela me falou: Liasinha, a tia Tuia continua gostando de ti, meu amor!
Como não ficar feliz com uma declaração dessas? Ganhei o sábado!
Acho que está mais do que na hora de mandar fazer um vestido novo...








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