terça-feira, 5 de agosto de 2014

Deseducando

Li em ZH de ontem(4/7), que o Conselho Estadual de Educação está analisando um parecer e debatendo uma norma que impediria as escolas de suspender, afastar ou expulsar alunos, mesmo os envolvidos em transgressões disciplinares.
Alega, em síntese, a proposta, que o direito do aluno de estudar não pode ser revogado por nenhuma instituição de ensino, tanto privada quanto pública.
Bueno, de minha parte devo dizer que, das tantas aberrações poliiitiiiicamentiiii coorrrééétas que já ouvi, esta levou todas as fichas.
É o cúmulo uma coisa dessas!
Até nem tinha prestado atenção na matéria, o que me levou a olhar mais detidamente seu conteúdo foi o título: Sem poder expulsar nem suspender.
Li e reli, li, inclusive, as manifestações sobre a tal norma, e vi, não sem tristeza, que somente uma única voz se levantou contra.
Vale dizer, estamos nas mãos de uma raça de gente que permite tudo, até isso: que alunos façam o que bem entenderem dentro da escola, que nada lhes acontecerá.
Ou seja, é a certeza da impunidade.
Posso quebrar este banco, não dá nada.
Posso dar um pontapé no meu colega.
Posso riscar as paredes da minha escola, talvez até achem que é uma forma de expressar a minha arte.
Isso me enoja.
Quando eu estudava, professor era um ser sagrado.
Éramos ensinados a cuidar de nossa escola, a zelar por tudo que ela continha e ao que, graças ao trabalho de muitos, ela nos proporcionava:  educação, aprendizado, merenda de qualidade, um convívio civilizado com os demais colegas, respeito aos professores.
A escola também nos ensinava valores.
Aprendíamos o Hino da Bandeira, entre outros.
É.
Que coisa mais jurássica, o Hino da Bandeira...
Nós íamos para a escola para aprender.
Eu, nascida e criada no Itaqui, estudei aqui até concluir o Ensino Médio.
Fui para Porto Alegre, fiz vestibular e passei.
E isso que diziam, e ainda dizem, que o ensino em Itaqui não é bom.
É bom, sim.
Nós tínhamos uma escola onde se impunham a educação e a disciplina.
O respeito.
Capaz, mas capaz que algum de nós se atreveria a depredar alguma coisa ou, pior ainda, a tratar mal um professor, um colega.
Aconteciam desentendimentos, obviamente.
Mas nós sabíamos que, se fizéssemos algo fora do esquadro, teríamos que arcar com as consequências, e elas vinham, de imediato: chamada na sala da Direção para uma mijada homérica, suspensão e, nos casos mais graves, expulsão.
Fim da comédia.
Não vou falar pelos outros, mas a mim não causou nenhuma espécie de trauma a disciplina que permeou meus anos escolares.
Aprendi muito, aprendi tanto!
Sou imensamente grata a todos os meus professores, tenho um amor imenso pelas duas escolas nas quais estudei.
Não consigo entender qual é a razão social  de um debate dessa natureza, assim como não entendo - e nem aceito quem se reúne para manifestar seu repúdio a este ou aquele governo e depreda o patrimônio público ou privado, sob o olhar complacente daqueles que deveriam agir.
Eu só quero entender a quem interessa esculhambar as coisas.
Sim, porque essa proposta é exatamente isso: tirando a autoridade da escola, abre-se uma porta para o desmando.
Mais uma.
Não sei se vocês notaram, meus amigos, mas há algum tempo vem ocorrendo uma inversão de valores: é bonito pichar, é bacana quebrar, é lindo adentrar num local e ficar fazendo baderna, é chique dar um bofetão num professor.
E nós, os babacas que ainda acreditamos em algo?
Nós estamos ficando encurralados!









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