segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Do Outro Lado da Calçada

Há um tempo me aconteceu o seguinte: estava saindo de um restaurante quando vi, do outro lado da calçada, uma pessoa que fez parte de minha vida durante muitos anos.
E me pus a pensar em como a gente se separa e os afetos terminam, e não é a vida, é a gente mesmo, somos nós e nossas circunstâncias que fazemos a roda girar, seja para o lado do bem e da união, seja para o lado da destruição e do afastamento.
Uma pena, uma lástima que aquela pessoa que estava na calçada oposta a que eu vinha passou assim, sem nem notar que eu estava lá, olhando para ela, apenas seguiu seu curso e eu fiquei  parada, pensando, com vontade de atravessar, de falar, de sacudir, de ...
Que importância tem isso?
Para mim, toda, pois me mostra que, apesar de tudo - do desafeto, do desamor, da inveja, da maldade gratuita, não consigo guardar rancor, embora veja que isso é até um defeito, bom mesmo seria se eu ficasse amarga e com um ódio tipo fogo simbólico da Semana da Pátria ou do Candeeiro Crioulo - venta, chove, sai sol, esfria, vem a neblina, e aquela chama não se apaga.
Lamentavelmente, não aprendi essa lição, a lição do ranço, da semente da raiva que germina, floresce, e frutifica de modo ininterrupto, algo do tipo de pai para filho.
Aquele fato me fez refletir e pensar nos erros que cometi, nas dores que também causei, nas palavras duras que usei, pois quando um não quer, dois não brigam, diz o ditado.
A diferença entre nós é que, como referi, tenho o péssimo hábito de não guardar rancor nem mágoa, embora não esqueça, pois também não sou madre Teresa ou coisa que o valha.
E porque o perdão é um sentimento libertador
No dia em que perdoamos, o fardo que carregamos sai de nossos ombros e a leveza nos invade por completo, alma, coração, mente, corpo.
Voltamos a respirar normalmente outra vez..
Constatei, não sem uma ponta de tristeza que, após tanto tempo, viramos meros desconhecidos numa tarde qualquer, que sequer um olhar merecem um do outro.
E foi então que me veio à cabeça uma frase de Chico Xavier, amado Chico:
Fico triste quando alguém me ofende, mas, com certeza, eu ficaria mais triste se fosse eu o ofensor...Magoar alguém é terrível!








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