domingo, 31 de agosto de 2014

O Quanto Andei

Muitas vezes, escrevemos abobrinhas e coisas alegres e um tanto quanto sem fundamento apenas para driblar a dor e dar uma gambeta na saudade, preencher o tremendo vazio e pensar apenas nas coisa boas.
Como diz uma frase, enumere apenas as coisas boas.
Tá.
Mas a saudade é assim, chega sem avisar e não faz cerimônia, invade o coração da gente, e aí...o resto, vocês já sabem.
Faz 11 anos que não vejo meu Pai.
Onze anos!
É muito tempo, tanto tempo que não sou capaz de imaginar, logo eu, que não ficava um mísero dia sem vê-lo, agora me tocou estar longe dele.
É muito duro ter que andar sozinha.
Sozinha sem a presença do Pai, é o que eu quero dizer.
Andei tanto, desde o dia 3 de setembro de 2003 que, só de pensar, me canso.
Mesmo que eu tente fugir, um dia a saudade chega...
Estas questões tremendas são muito difíceis de entender, mais ainda, de tentar explicar.
Explicar a razão pela qual choro porque sinto falta da minha casa, da casa paterna, com seus sons, seus cheiros, sua luz.
Com sua história, que também é a minha história.
Não há casa igual à casa paterna, mas só quem teve é que sabe avaliar a dor da perda.
É, eu lutei para ficar com a casa de meus Pais durante cinco anos, anos infernais, e foi tal o desgaste emocional que desisti, pois a casa ficaria e eu iria embora, assim estavam as coisas.
É uma ferida que nunca cicatrizou a talvez jamais feche, saber que fui banida daquele espaço de amores onde nunca mais poderei entrar como eu entrava, sabedora de que ali me esperavam todos os abraços que eu queria receber, e dar.
Nunca mais recebi um abraço como aquele que costumava receber do meu Pai.
E nunca mais ouvi  palavras doces, de alento, de força, não como as que somente ele sabia dizer.
O meu pai era um homem carinhoso, alegre, afável, educado, meu pai sabia das coisas.
Perfumado.
Dançava um tango e uma valsa como ninguém!
Mesmo que eu viva 100 anos,  jamais vou esquecer de sua voz, dos seus olhos esverdeados, da sua risada, daquele amor imenso, dos tantos cuidados que ele me dispensou.
Quantas vezes me embalou?
Quantas vezes me buscou na rodoviária?
Quantas vezes me consolou?
Meu Pai fazia tudo o que estava ao seu alcance para me vez feliz.
Dia 3 de setembro, 11 anos sem ele e sem  aquele abraço apertado que nunca mais terei.
Perdoem-me, amigos, vocês sabem que sou de véspera.
Vou passar a mão naquele mesmo remédio de china velha que ele também  tomava, apenas umas gotinhas para engambelar a tristeza, e nada mais me resta a não ser chorar.
Forte eu sou, mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar.







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